DEU NO JORNAL DO BRASIL
RIO - Esta campanha, que não ata nem desata, prometeu muito e está descambando para a pior dos últimos tempos. A começar pela escolha dos candidatos. O presidente Lula, desgostoso com o Partido dos Trabalhadores, o PT que jogou no lixo a mística da legenda que representava a mobilização da classe operária, puniu a legenda com a escolha da candidata, a ex-ministra do Gabinete Civil Dilma Rousseff, sem militância política nem partidária e que pretende começar por onde muito poucos terminam.
Como se não bastassem tais singularidades, a candidata parece que se prepara para disputar a faixa de Miss Brasil. Com a licença do colega da Coluna Coisas da política, Cristian Klein, transcrevo dois parágrafos antológicos da edição de ontem, das melhores e mais perfeitas sínteses do que virou a campanha da candidata oficial: Dilma tem visitado a mesma fonoaudióloga que ajudou Lula em 2006. Faz exercícios vocais durante os voos cantando E.C.T. (Mas esse cara tem a língua solta..., sucesso de Nando Reis na voz de Cássia Eller) e deve entrar na fisioterapia para corrigir a postura. A transformação do seu visual é notável: fez plástica para rejuvenescer o rosto, mudou o corte de cabelo, trocou os óculos de armação pesada por lentes de contato e adotou um estilo mais leve de se vestir. O corpo também fala.
Nos últimos dias, Dilma cancelou viagens em que teria de lidar com a espinhosa política de alianças nos estados e, por sugestão de Lula, se dedicará agora às sessões de media training. Vai treinar mais para enfrentar situações reais diante das perguntas embaraçosas de jornalistas e eleitores e dos ataques dos adversários. Travar relações com a classe política não é prioridade. O melhor a fazer é cuidar, gerir a própria imagem.
Vamos falar sério: isto não é programa para uma candidata a presidente da República. Em vez de reforçar a pintura da candidata como passado de militância nas guerrilhas contra a ditadura militar dos cinco generais-presidentes, quando foi presa e torturada em quartel de Vitória, capital do Espírito Santo, a candidata sem experiência de campanha, que nunca disputou uma vaga de vereadora, por decisão do presidente Lula vai disputar a sua vaga nas urnas do primeiro turno em 3 de outubro, como uma dondoca, mais retocada do que a mocinha das novelas.
Com a retirada da pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência, a campanha sinaliza um final entre o candidato da oposição, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) e a candidata de Lula. A candidata Marina Silva, do Partido Verde, marca a sua posição, mas não ameaça os favoritos.
A campanha deve esquntar com os debates entre candidatos promovidos pelas redes de televisão e emissoras de rádio. Mas política é como a nuvem, dizia o senador mineiro Magalhães Pinto: cada vez que se olha para o céu, ela mudou de formato. Tomara, porque esta nuvenzinha não rende nem chuvisco.
Villas-Bôas Corrêa é repórter político do JB.
RIO - Esta campanha, que não ata nem desata, prometeu muito e está descambando para a pior dos últimos tempos. A começar pela escolha dos candidatos. O presidente Lula, desgostoso com o Partido dos Trabalhadores, o PT que jogou no lixo a mística da legenda que representava a mobilização da classe operária, puniu a legenda com a escolha da candidata, a ex-ministra do Gabinete Civil Dilma Rousseff, sem militância política nem partidária e que pretende começar por onde muito poucos terminam.
Como se não bastassem tais singularidades, a candidata parece que se prepara para disputar a faixa de Miss Brasil. Com a licença do colega da Coluna Coisas da política, Cristian Klein, transcrevo dois parágrafos antológicos da edição de ontem, das melhores e mais perfeitas sínteses do que virou a campanha da candidata oficial: Dilma tem visitado a mesma fonoaudióloga que ajudou Lula em 2006. Faz exercícios vocais durante os voos cantando E.C.T. (Mas esse cara tem a língua solta..., sucesso de Nando Reis na voz de Cássia Eller) e deve entrar na fisioterapia para corrigir a postura. A transformação do seu visual é notável: fez plástica para rejuvenescer o rosto, mudou o corte de cabelo, trocou os óculos de armação pesada por lentes de contato e adotou um estilo mais leve de se vestir. O corpo também fala.
Nos últimos dias, Dilma cancelou viagens em que teria de lidar com a espinhosa política de alianças nos estados e, por sugestão de Lula, se dedicará agora às sessões de media training. Vai treinar mais para enfrentar situações reais diante das perguntas embaraçosas de jornalistas e eleitores e dos ataques dos adversários. Travar relações com a classe política não é prioridade. O melhor a fazer é cuidar, gerir a própria imagem.
Vamos falar sério: isto não é programa para uma candidata a presidente da República. Em vez de reforçar a pintura da candidata como passado de militância nas guerrilhas contra a ditadura militar dos cinco generais-presidentes, quando foi presa e torturada em quartel de Vitória, capital do Espírito Santo, a candidata sem experiência de campanha, que nunca disputou uma vaga de vereadora, por decisão do presidente Lula vai disputar a sua vaga nas urnas do primeiro turno em 3 de outubro, como uma dondoca, mais retocada do que a mocinha das novelas.
Com a retirada da pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência, a campanha sinaliza um final entre o candidato da oposição, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) e a candidata de Lula. A candidata Marina Silva, do Partido Verde, marca a sua posição, mas não ameaça os favoritos.
A campanha deve esquntar com os debates entre candidatos promovidos pelas redes de televisão e emissoras de rádio. Mas política é como a nuvem, dizia o senador mineiro Magalhães Pinto: cada vez que se olha para o céu, ela mudou de formato. Tomara, porque esta nuvenzinha não rende nem chuvisco.
Villas-Bôas Corrêa é repórter político do JB.
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