DEU EM O GLOBO
Iraniana condenada ao apedrejamento pede que seu filho não assista à execução. Advogado é libertado na Turquia
Graça Magalhães-Ruether Correspondente
BERLIM. O possível apedrejamento de Sakineh Mohammadi Ashtiani é uma dor que vem corroendo lentamente a iraniana desde que tomou conhecimento sobre a sua sentença de morte. Em uma entrevista publicada ontem pelo jornal britânico The Guardian através de uma fonte não identificada , a mulher condenada por adultério conseguiu transmitir, em palavras, o sentimento diário no corredor da morte.
Acusando os guardas de maustratos, afirma que se sente apedrejada diariamente.
Suas palavras, a forma como me veem uma adúltera que deveria ser apedrejada à morte é como se eu fosse apedrejada todos os dias, afirmou a iraniana ao jornal.
Esperança para Sakineh resta apenas a dada através da campanha internacional por seu caso, além da pressão sobre Teerã. Mas mesmo assim, ela já pensa no pior. E faz um apelo de mãe: Não deixem que me apedrejem na frente do meu filho.
Advogado é libertado após prisão na Turquia
Iraniana condenada ao apedrejamento pede que seu filho não assista à execução. Advogado é libertado na Turquia
Graça Magalhães-Ruether Correspondente
BERLIM. O possível apedrejamento de Sakineh Mohammadi Ashtiani é uma dor que vem corroendo lentamente a iraniana desde que tomou conhecimento sobre a sua sentença de morte. Em uma entrevista publicada ontem pelo jornal britânico The Guardian através de uma fonte não identificada , a mulher condenada por adultério conseguiu transmitir, em palavras, o sentimento diário no corredor da morte.
Acusando os guardas de maustratos, afirma que se sente apedrejada diariamente.
Suas palavras, a forma como me veem uma adúltera que deveria ser apedrejada à morte é como se eu fosse apedrejada todos os dias, afirmou a iraniana ao jornal.
Esperança para Sakineh resta apenas a dada através da campanha internacional por seu caso, além da pressão sobre Teerã. Mas mesmo assim, ela já pensa no pior. E faz um apelo de mãe: Não deixem que me apedrejem na frente do meu filho.
Advogado é libertado após prisão na Turquia
Menos de uma semana após a ampla divulgação de sua prisão, o advogado Mohammad Mostafei foi libertado ontem de uma prisão na Turquia, para onde fugira depois de ser interrogado no Irã. Mostafei, que defendeu Sakineh enquanto esteve em seu país, está hospedado num hotel em Istambul e deverá embarcar para a Noruega nos próximos dias. Autoridades de Oslo ofereceram esta semana asilo político ao advogado, que teve de se refugiar na Turquia depois de sua mulher e sogro serem presos.
O iraniano recebeu também proteção diplomática da União Europeia (UE), depois que funcionários do bloco se dirigiram à prisão sob o argumento de que a segurança do advogado estava em risco.
Depois de seis dias, estou tão cansado que só quero ir para o meu hotel e tomar um banho.
Eu sinto como se estivesse ainda numa prisão disse à emissora americana CNN.
Fereshteh Halimi, a mulher do advogado, continua presa no Irã. O governo norueguês estaria tentando negociar a sua libertação para que ela possa se juntar ao marido e à filha de 7 anos no país europeu.
Mostafei, que com o seu blog ajudou a divulgar ao mundo o destino de Sakineh, teve a sua residência vasculhada ontem por autoridades iranianas. A polícia disse que confiscou garrafas de bebidas alcoólicas, proibidas no país muçulmano, e documentos supostamente falsificados.
Estou extremamente preocupado com a minha segurança, a da minha mulher e a da minha filha.
Protestos um dia antes de possível execução na quarta
O iraniano recebeu também proteção diplomática da União Europeia (UE), depois que funcionários do bloco se dirigiram à prisão sob o argumento de que a segurança do advogado estava em risco.
Depois de seis dias, estou tão cansado que só quero ir para o meu hotel e tomar um banho.
Eu sinto como se estivesse ainda numa prisão disse à emissora americana CNN.
Fereshteh Halimi, a mulher do advogado, continua presa no Irã. O governo norueguês estaria tentando negociar a sua libertação para que ela possa se juntar ao marido e à filha de 7 anos no país europeu.
Mostafei, que com o seu blog ajudou a divulgar ao mundo o destino de Sakineh, teve a sua residência vasculhada ontem por autoridades iranianas. A polícia disse que confiscou garrafas de bebidas alcoólicas, proibidas no país muçulmano, e documentos supostamente falsificados.
Estou extremamente preocupado com a minha segurança, a da minha mulher e a da minha filha.
Protestos um dia antes de possível execução na quarta
A notícia sobre a libertação do advogado gerou alívio, porém, as buscas em sua casa iraniana provocaram revolta.
A imprensa iraniana procura agora divulgar a imagem de Mostafei como se ele fosse um bandido comenta Mina Ahadi, líder da Comissão Internacional contra a Pena de Morte e o Apedrejamento, que coordena a campanha internacional para salvar a vida de Sakineh.
Na entrevista concedida ao jornal britânico, Sakineh afirmou que havia uma razão para que Mostafei desaparecesse.
Eles (governo) queriam se livrar do meu advogado para que pudessem me acusar facilmente de qualquer coisa que quisessem sem denúncias. Não fosse pelo seu esforço, eu já teria sido apedrejada, disse ela.
A iraniana também revelou que, quando recebeu a sua sentença de morte, não entendeu o significado do termo jurídico rajam.
Sakineh não sabia que se tratava de apedrejamento e assinou o documento.
Quando o juiz me deu a sentença, não me toquei que seria apedrejada porque não sabia o que queria dizer rajam. Eles pediram para eu assinar a sentença, o que fiz. Depois, voltei para a prisão, minhas companheiras de cela disseram que eu seria apedrejada à morte, e desmaiei no mesmo momento. Ativistas e exilados iranianos na Europa convocaram manifestação internacional para terça-feira.
Segundo Mina Ahadi, a corrida contra o tempo para salvar a iraniana fica cada vez mais dramática.
A manifestação de terça ocorrerá um dia antes da quarta-feira negra, a data mais provável para a execução, caso seja confirmada.
A imprensa iraniana procura agora divulgar a imagem de Mostafei como se ele fosse um bandido comenta Mina Ahadi, líder da Comissão Internacional contra a Pena de Morte e o Apedrejamento, que coordena a campanha internacional para salvar a vida de Sakineh.
Na entrevista concedida ao jornal britânico, Sakineh afirmou que havia uma razão para que Mostafei desaparecesse.
Eles (governo) queriam se livrar do meu advogado para que pudessem me acusar facilmente de qualquer coisa que quisessem sem denúncias. Não fosse pelo seu esforço, eu já teria sido apedrejada, disse ela.
A iraniana também revelou que, quando recebeu a sua sentença de morte, não entendeu o significado do termo jurídico rajam.
Sakineh não sabia que se tratava de apedrejamento e assinou o documento.
Quando o juiz me deu a sentença, não me toquei que seria apedrejada porque não sabia o que queria dizer rajam. Eles pediram para eu assinar a sentença, o que fiz. Depois, voltei para a prisão, minhas companheiras de cela disseram que eu seria apedrejada à morte, e desmaiei no mesmo momento. Ativistas e exilados iranianos na Europa convocaram manifestação internacional para terça-feira.
Segundo Mina Ahadi, a corrida contra o tempo para salvar a iraniana fica cada vez mais dramática.
A manifestação de terça ocorrerá um dia antes da quarta-feira negra, a data mais provável para a execução, caso seja confirmada.
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