DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Delegação do Brasil em conferência de comunicação afirma que esquerda no país tem meios para cercear expressão
Documento levado a encontro da Sociedade Interamericana de Imprensa vê problema em rever radiodifusão
Flávia Marreiro
Delegação do Brasil em conferência de comunicação afirma que esquerda no país tem meios para cercear expressão
Documento levado a encontro da Sociedade Interamericana de Imprensa vê problema em rever radiodifusão
Flávia Marreiro
CARACAS - Embalada pela vitória de Dilma Rousseff (PT) e apoiada na maioria governista no próximo Congresso, a esquerda brasileira detém agora poder para concretizar ameaças à liberdade de expressão embutidas na ideia de "controle social da mídia" promovida no governo Lula.
A avaliação consta do informe da representação brasileira na SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), apresentado ontem em Mérida, no México, durante sua 66ª assembleia geral.
O documento foi exposto ante a Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, que revisa anualmente as ameaças ao livre exercício do jornalismo nas Américas.
A comissão também recebeu ontem pareceres sobre Venezuela, Argentina, Equador e Bolívia, entre outros. Amanhã, a organização, que reúne 1.300 jornais e meios de comunicação do continente, aprovará documento com relatórios por país.
O informe preparado pelo representante do Brasil na SIP, Sidnei Basile, do Grupo Abril, afirma que o conceito de "controle social da mídia" "é o novo nome da censura".
"Embalada pelo continuísmo e por maioria tanto na Câmara como no Senado, a esquerda brasileira detém os instrumentos para concretizar as ameaças embutidas no Plano Nacional de Direitos Humanos e nas "conclusões" da Conferência Nacional de Comunicação que o governo federal promoveu no ano passado", diz o texto.
Amanhã e quarta, o governo Lula promove em Brasília, sob o comando do ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação), o Seminário Internacional das Comunicações Eletrônicas, com o fim de discutir novo marco regulatório para a mídia no país. Serão debatidas, por exemplo, regras de participação de capital estrangeiro.
Outro ponto problemático, segundo o informe apresentado na reunião da SIP, é a iniciativa do governo de revisar as regras da radiodifusão.
Sob essa justificativa, diz o texto, "as autoridades federais tentam cancelar licenças de radiodifusão, como aconteceu em outros países. O passo seguinte será o de incluir medidas restritivas à liberdade de expressão e ao direito à informação".
O diretor para Liberdade de Expressão da SIP, Ricardo Trotti, considerou "ambíguas" as declarações da presidente eleita, Dilma Rousseff, sobre compromisso com a liberdade de expressão e discussão do marco regulatório. "Se forem aprovadas as reformas para instalar o controle social da mídia, será gravíssimo", disse à Folha.
O documento brasileiro registra casos de agressão a jornalistas e de censura prévia, como o envolvendo o jornal "O Estado de S. Paulo", proibido pela Justiça de publicar dados de investigação acerca de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O diretor jurídico do Grupo Folha, Orlando Molina, e a advogada do jornal, Taís Gasparian, participam do encontro. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, esteve ontem no evento.
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