terça-feira, 5 de abril de 2011

Lula diz não ter tido acesso a relatório final da PF e não comenta documento

Ex-presidente fará palestra remunerada nos EUA e encontrará banqueiros no México

Tatiana Farah e Fernando Eichenberg*

SÃO PAULO e WASHINGTON. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quis comentar ontem o relatório final da Polícia Federal sobre o mensalão. Segundo sua assessoria de imprensa, Lula não teve acesso ao documento para falar sobre o assunto. O documento traz mais implicações ao PT nos supostos crimes.

Após uma palestra remunerada, amanhã, nos Estados Unidos, Lula embarca quinta-feira para o México, onde se encontrará com banqueiros daquele país. Na sexta, fará uma conferência no encontro da Associação de Bancos do México (ABM), em Acapulco.

Nos EUA, Lula participa do fórum de líderes da América Latina, promovido pela Microsoft, em Washington. Ele receberá cachê tanto pela palestra da Microsoft quanto para a viagem ao México. Os valores não foram divulgados pelo ex-presidente, mas estima-se no Brasil que cada palestra custe entre R$150 mil e R$200 mil. Já na capital americana comenta-se que o cachê de Lula chegaria perto dos US$500 mil, valor não confirmado pela Microsoft. Se o rumor for realidade, a cifra não estaria distante da recebida por outros ex-líderes políticos, como o ex-presidente Bill Clinton e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

O tema do encontro em Washington este ano é "Inspirando a próxima geração de líderes governamentais", sobre desenvolvimento social e crescimento econômico. O fórum terá audiência de cerca de 200 pessoas, entre ministros de governos latino-americanos, representantes dos setores público e privado, analistas e acadêmicos.

Lula voou para o exterior em um jato privado, com despesas de viagem custeadas pelos organizadores dos dois eventos. A ex-primeira-dama Marisa, que acompanharia o marido, desistiu da viagem aos dois países. Segundo a Microsoft, Lula fez apenas uma exigência para sua participação no fórum: que não fossem permitidas gravações de imagens nem fotografias durante sua conferência, exceto as feitas pela equipe oficial do evento.

Em março, o ex-presidente decidiu formalizar a nova atividade de palestrante e abriu uma empresa, a LILS, com o amigo e assessor Paulo Okamotto (que tem 2% da firma).

No México, Lula deverá falar sobre a crise econômica mundial e a experiência do Brasil. Não será o único político entre os banqueiros. Antes de sua palestra, os presidentes do partidos mexicanos PRD, PAN e PRI participam de um painel de debates. E, na quinta-feira, o presidente Felipe Calderón fará a abertura do evento.

* Correspondente

FONTE: O GLOBO

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