terça-feira, 5 de abril de 2011

MST em 32 fazendas

Ana Elisa Santana

Menos de uma semana após o novo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lacerda, assumir o posto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou o Abril Vermelho, com a invasão de fazendas em todo o estado da Bahia. Desde a última sexta-feira até a noite de ontem, manifestantes haviam se alojado em 32 propriedades no estado. A meta é ocupar, ao longo do mês, em torno de 50 terrenos na Bahia e 120 em todo o Brasil.

A mobilização deste ano pede que as reivindicações do MST entrem na pauta do novo governo. Lembra, ainda, os 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 manifestantes sem-terra morreram e dezenas ficaram feridos em confronto com a Polícia Militar em 17 de abril de 1996, no Pará. “São 15 anos de impunidade e cobramos que o governo faça um plano emergencial para assentar as famílias acampadas em situação de conflito em todo o país. A expectativa é que a presidente Dilma Rousseff possa anunciar metas para a reforma agrária”, afirma Márcio Matos, integrante da direção nacional do MST. De acordo com ele, atualmente há 100 mil famílias acampadas no país à espera da desapropriação de terras.

Entre os dias 10 e 17, o movimento vai fazer, em Eldorado dos Carajás, um acampamento pedagógico com 500 jovens. Haverá atividades culturais e debates em memória ao massacre de 1996. Em Belém, 700 trabalhadores rurais ficarão acampados na Praça da Leitura entre os dias 15 e 19.

Em meio a invasões e protestos, o Incra mantém posição amistosa. Celso Lacerda já pediu que fossem agendadas reuniões com o MST e com outros movimentos sociais e entidades para conversar sobre o programa de reforma agrária. No entanto, ainda segundo o Incra, não há encontros confirmados e novas equipes estão sendo montadas. O órgão afirma que ainda não recebeu contato do MST. O movimento dos trabalhadores sem-terra, por sua vez, sustenta que a pauta é antiga e a mesma desde o governo anterior. “Nós estamos aguardando o governo dizer quais ações serão feitas”, diz Márcio Matos.

Pressão por terras

Representantes da Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do DF se reuniram, ontem, com o presidente do Incra, Celso Lacerda. Eles pedem que o órgão atenda pedidos de crédito para a produção e de desapropriação de terras. Cerca de 200 pessoas, segundo a PM, estão acampadas em frente ao prédio do órgão. Sem avanços no primeiro encontro, uma nova reunião entre as partes está será realizada hoje.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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