Numa operação que sujeita o Planalto a danos adicionais, deputados aliados terão de derrubar amanhã a convocação para que o ministro Antonio Palocci fale na Câmara. A oposição promete recorrer ao Supremo.
Deputados fazem pressão para que o governo evite esse novo desgaste, e os principais ministros acham difícil sustentar Palocci. A presidente ainda deve discutir com Lula o destino do seu ministro
Medo de desgaste amplia pressão para afastar Palocci
Catia Seabra, Fernanda Odilla, Márcio Falcão, Natuza Nery e Valdo Cruz
OS NEGÓCIOS DO MINISTRO
Deputados pedem que Dilma defina futuro de ministro logo para encerrar crise
Esforço para anular convocação para depor na Câmara teria custo político muito alto para aliados da presidente
BRASÍLIA - Aliados da presidente Dilma Rousseff expressaram preocupação no fim de semana com o desgaste político que ela poderá sofrer se mantiver por muito tempo indefinido o futuro do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
Os principais ministros consideram a permanência de Palocci perto do insustentável. Ele perdeu apoio na cúpula do PT e entre os dirigentes de partidos aliados ao Planalto. As relações do governo com o Congresso estão sem comando.
Amanhã haverá mais uma operação com potencial de alto risco político para o Planalto. Os deputados da base governista terão de sustentar em público a derrubada de uma convocação de Palocci para depor na Comissão de Agricultura da Câmara.
O Planalto dispõe de energia para derrubar essa convocação, mas será inútil se Palocci depois acabar sendo demitido. Deputados têm pressionado o Planalto nos bastidores para que se evite prolongar o desgaste provocado pela crise, que já dura mais de três semanas.
Apesar da escalada da crise, Dilma passou o dia ontem sem se manifestar sobre sua decisão. Alguns ministros e assessores da presidente dizem que é uma questão de tempo apenas para que ela dispense Palocci, mas ninguém se atrevia a fazer essa afirmação em público.
A presidente tem avaliado sobre se deve demitir seu principal auxiliar ou se espera a manifestação da Procuradoria-Geral da República a respeito do caso. Ela pretendia discutir o tema ontem à noite com o ex-presidente Lula num jantar em Brasília.
Conforme antecipou ontem a Folha, Dilma tomará a decisão final sobre a permanência de Palocci junto com Lula. A presidente tem ouvido argumentos de Palocci e de alguns poucos petistas que julgam mais prudente aguardar a resposta do procurador-geral, Roberto Gurgel, que já recebeu explicações do ministro.
Se Gurgel optar por não abrir uma investigação, o ministro ganharia uma sobrevida. O problema é que não se sabe quando o procurador-geral vai se pronunciar e a lei não impõe prazo para a manifestação.
A Folha revelou em 15 de maio que Palocci multiplicou seu patrimônio 20 vezes nos últimos quatro anos. Em 2010, ele faturou R$ 20 milhões com uma empresa de consultoria, a Projeto.
Na sexta-feira Palocci deu entrevistas, mas não revelou quem foram seus clientes nem o que ofereceu como serviços a essas empresas.
Esta é a primeira crise política enfrentada por Dilma, que não demitiu nenhum ministro desde o início de seu governo.
Por essa razão, vários assessores da presidente não sabiam dizer com exatidão como ela agirá se resolver dispensar Palocci -se vai mandar algum emissário falar com ele ou se vai preferir chamá-lo para comunicar o que foi decidido.
O desgaste político já é real. O governo teve acesso a pesquisas que mostram dano na imagem de Dilma após o caso Palocci.
Um estudo já concluído em São Paulo -e apresentado ao Planalto por um interlocutor do governo- aponta uma queda de 15 pontos percentuais na avaliação positiva de Dilma na capital.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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