Muito antes de descobrir o potencial político de Tiririca, seu campeão de votos, o PR já havia revelado sua vocação humorística. Chamava-se Jacinto Lamas o tesoureiro do então PL. Era, na prática, o homem que fazia a entrega das malas de Marcos Valério aos nobres mensaleiros do partido.
O chefe do Dnit que acaba de cair atende por Pagot. Só faltava se chamar Pagot Levot. Ontem, na Folha, ele disse que o PT era sócio das decisões que tomava e ameaçou arrastar o aliado para a lama (sem trocadilhos) se for muito contrariado.
A ligação entre PR e PT é mais orgânica do que parece. Um exemplo local: o suplente da senadora Marta Suplicy é o vereador Antônio Carlos Rodrigues, o chefe do famigerado "centrão" na Câmara paulistana. Se a petista for disputar a prefeitura, o prócer do PR assume sua vaga.
Mas voltemos: Dilma Rousseff convidou Blairo Maggi (PR-MT) -o milionário padrinho de Pagot- para ocupar o lugar de Alfredo Nascimento. Recebeu um não como resposta. E Ideli Salvatti, a ministra da articulação que não existe, disse, para completar o vexame, que Nascimento tem, sim, todas as condições de "fazer sugestões, indicações, dar opinião" sobre o seu substituto. Que tipo de opinião a ministra espera de seu ex-colega? Seria uma questão de "know-how"?
Do PR já se sabe o que esperar. O partido não disfarça, inclusive, que não quer a manutenção do ministro interino no cargo. Apesar de filiado à legenda, Pedro Passos talvez seja ético demais para exercer a função.
Mas o que esperar de Dilma? Entre a intervenção moralizadora num dia e a capitulação logo a seguir diante dos mesmos personagens terá havido algum ganho republicano? Em português: haverá redução da roubança sistêmica ou apenas o aumento das chantagens da base aliada sobre o Planalto?
Dilma dá a impressão de que não tem força para enfrentar o problema no atacado nem habilidade política para lidar com ele no varejo. E está sufocada pela herança de Lula.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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