Um detalhe do novo escândalo envolvendo o Ministério dos Transportes é revelador sobre a que ponto chegamos na prática do fisiologismo no Brasil.
Alfredo Nascimento, o ministro que caiu, tinha um chefe de gabinete, Mauro Barbosa, que não era de sua confiança. Foi obrigado a aceitar o nome para retornar ao ministério que já havia ocupado.
Isso mesmo, aquele que deveria ser o assessor mais próximo do ministro não era do seu grupo. Resultado: foram criadas administrações paralelas, gerando disputas pelo comando da pasta.
Segundo quem conhece de perto o caso em questão, aí estaria a origem do esquema de irregularidades -que já existiria, mas passou a ser disputado e compartilhado por mais de um grupo.
O fato é que essa divisão até dos cargos do gabinete pessoal do ministro mostra como anda o apetite de deputados e senadores por boquinhas federais.
Cabe agora ao mesmo governo que foi célere no afastamento dos supostos responsáveis pelos desvios descobrir e punir quem, de fato, era o mentor do esquema. Sob o risco de ele se repetir.
Por sinal, a melhor punição seria banir esses personagens e seus aliados de todo e qualquer posto no governo federal. Exatamente para evitar novos escândalos, patrocinados pelos mesmos atores.
Afinal, nunca é demais lembrar, o PR de hoje, totalmente enrolado no caso do Ministério dos Transportes, é o mesmo PL de ontem, que participou do esquema mais tarde batizado de mensalão.
Esquema que, no mesmo momento em que o novo caso é descoberto, assim foi definido pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, nas alegações finais antes do seu julgamento pelo STF:
"Um plano criminoso voltado para compra de votos dentro do Congresso Nacional. Trata-se da mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber". É preciso dizer algo mais?
FONTE; FOLHA DE S. PAULO
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