João Domingos
O Palácio do Planalto está muito preocupado com o que Luiz Antonio Pagot vai dizer no Senado, na terça-feira, e na Câmara, na quarta. O ainda diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tem feito afirmações que o governo entende como claras ameaças, uma espécie de antecipação do que poderá dizer no Congresso na semana que vem. Formalmente, Pagot está de férias e só deverá ser afastado assim que voltar ao trabalho, no mês que vem.
Entre as declarações do diretor do Dnit que têm deixado o Planalto com uma espécie de tensão pré-Pagot estão as insinuações de que todas as obras tocadas pela estatal eram aprovadas antes pelo Ministério do Planejamento, cujo titular é o hoje ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, um dos homens de confiança da presidente Dilma Rousseff.
Diante do receio do que poderá dizer Pagot, ontem a presidente Dilma Rousseff tinha dúvidas sobre quando poderá nomear o novo ministro dos Transportes. Ela quer efetivar o interino, Paulo Sérgio Passos, e até já tem alguns acenos do PR para que faça isso. Mas teme que Pagot fale alguma coisa a respeito de seu preferido nas audiências que terá no Senado e na Câmara, o que poderá provocar constrangimentos e aumentar a crise nos transportes.
Outra preocupação diz respeito à própria estrutura do Dnit. Pagot tem afirmado que nada do que o Dnit fazia era fruto de uma decisão solitária, mas de uma aprovação da diretoria colegiada. E que o diretor de Infraestrutura Rodoviária, Hideraldo Caron, mandava tanto quanto ele.
Caron é filiado ao PT do Rio Grande do Sul desde 1985. Trabalhou com Dilma Rousseff em Porto Alegre e foi posto no Dnit pelo PT.
Quando a presidente da República decidiu afastar a cúpula do Ministério dos Transportes, entre eles Luiz Antonio Pagot, chegou-se a falar no nome de Caron para substituir o diretor-geral. Mas, diante da reação do PR, partido que dá sustentação a Pagot, Dilma recuou e desistiu de insistir na nomeação do petista para o Dnit.
De acordo com informação de bastidores do governo, a esperança do Planalto era de que o senador Blairo Maggi (PR-MT) aceitasse o convite para ser o ministro dos Transportes, em substituição a Alfredo Nascimento (PR-AM), que não resistiu no cargo após denúncias de cobrança de propina divulgadas no fim de semana. Maggi é padrinho de Pagot e, uma vez no ministério, poderia aconselhar seu afilhado a ficar de boca fechada.
Acontece que Blairo Maggi recusou o convite para entrar no governo de Dilma Rousseff. Maggi está magoado com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), por considerar que foram desleais em relação ao PR, a Pagot e a ele próprio quando a crise no setor de Transportes estourou. Para Maggi, os ministros preferiram condenar Pagot, sem aguardar sua primeira defesa.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário