Tudo indica que os aplausos para o governo Dilma diante da crise nos Transportes foram precipitados. A série de depoimentos do diretor (ou ex-diretor, quem sabe?) do Dnit, Luiz Pagot, mostra que está em curso uma maquiagem, um recapeamento que todo governante gosta de esparramar pelas ruas numa inauguração de obra, apenas para disfarçar o asfalto antigo sem precisar trocá-lo.
O Planalto hesita, e é fácil entender os motivos. Desde que o escândalo explodiu, ficou claro que os interesses em jogo extravasavam os limites de um partido. Reportagem desta Folha revelou que, sem o voto de funcionários como o diretor Hideraldo Caron, seria impossível aprovar os aditivos de contratos que oficializam a roubalheira.
Caron é do PT, está na pasta desde 2003 e é citado em inúmeros processos do TCU. Seu nome também aparece na Operação Castelo de Areia, aquela que a empreitaria nacional tenta a todo custo bloquear na Justiça. Já Pagot é nome de confiança de Blairo Maggi, com quem Lula desfilava para cima e para baixo mais ou menos na mesma época em que o então presidente elegeu os usineiros como heróis nacionais.
Novo ministro, Paulo Passos é apresentado como um técnico capaz de pôr a casa em ordem. Sério, alguém acredita nisso? Em suas primeiras declarações, Passos fez questão de elogiar Pagot. Ex-número dois, Passos é velho de guerra no ministério. Não via nada do que acontecia? Se não via, era incompetente. Se via, era conivente. Não dá para escapar desse juízo, com todo o respeito pelo seu jeito bonachão.
Ao não rever TODOS os contratos e desinfetar um dos mais notórios centros da promiscuidade entre dinheiro público e bolsos privados, o governo Dilma perde uma chance de se distanciar do verdadeiro PR.
Não do autointitulado Partido da República, apenas uma entre tantas legendas de aluguel, mas do Partido da Rapina, que não escolhe sigla para acomodar seus militantes e, há décadas, parasita o Brasil.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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