Bancada do PR no Senado anuncia que deixou o bloco de apoio ao governo; grupo na Câmara pode fazer o mesmo
Nascimento afirma que deixou o cargo por ter perdido apoio de Dilma; "Eu não sou lixo, o meu partido não é lixo", disse
Catia Seabra e Gabriela Guerreiro
BRASÍLIA -Exonerado do cargo sob acusações de irregularidades, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) disse ontem, na tribuna do Senado, que a presidente Dilma sabia desde março do que chamou de "descontrole" nos gastos da pasta.
Nascimento deixou o cargo no início de julho em meio a acusações de corrupção no ministério, que derrubaram outros 22 servidores.
Sobre a expressão "faxina nos Transportes", usada para designar as exonerações em série, disse que não aceita ser chamado de "lixo":
"Não aceito que usem o meu nome e que brinquem com a minha carreira para corrigir distorções que eu não criei nem para desfazer acordos dos quais eu não participei. Eu não sou lixo, o meu partido não é lixo, os senadores do PR não são lixo".
Após o discurso, o PR do Senado anunciou que os sete integrantes da bancada deixarão o bloco de apoio do governo. O mesmo poderá ocorrer na Câmara.
PAC
Num discurso de mais de duas horas, Nascimento responsabilizou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, pelo aumento de despesas incluídas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) dos Transportes no ano passado, em plena disputa presidencial.
Lembrou que o atual ministro e ex-secretário executivo, Paulo Sérgio Passos, estava à frente do ministério em 2010 já que ele deixou o ministério para concorrer ao Senado pelo Amazonas.
Nascimento afirmou que as obras tiveram salto bilionário no ano eleitoral de 2010, passando de R$ 58 bilhões para R$ 72 bilhões. Por isso, disse, procurou Belchior, em março, para falar do crescimento de gastos.
Dias depois, ainda em março, ele afirmou ter procurado Dilma. "Coloquei o assunto para a presidente e informei que já começara a trabalhar no ajuste necessário para garantir a viabilidade orçamentária das obras durante sua gestão."
Planalto e Transportes não comentaram o conteúdo do discurso de Nascimento.
O ex-ministro disse que só deixou o cargo depois de perder o apoio de Dilma. "Diante dos ataques violentos contra mim desferidos, não recebi o apoio que me havia sido prometido pela presidente."
O senador Blairo Maggi (PR-MT) cobrou de Dilma a mesma atitude "dura" adotada com o PR em relação as outros partidos que ocupam ministérios acusados de corrupção e disse que Passos não é da cota do partido.
"Se a presidente quiser continuar com o Passos, continue, é bom ministro, mas ele não é do PR. Não quero ter a responsabilidade da indicação política de ninguém."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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