O lançamento, ontem, do pacote de benefícios para uma parte da indústria marca a primeira ação para valer da presidente Dilma Rousseff nessa área. Estava na hora. O governo acaba de entrar em seu oitavo mês.
A cerimônia no Palácio do Planalto foi precedida por um encontro entre Dilma e vários empresários. Essa foi a reunião mais objetiva da presidente com alguns dos grandes empregadores do país. É uma novidade de tamanho razoável na gestão da petista.
Se o plano anunciado ontem vai dar certo, é outra história.
O Brasil tem uma série de reveses acumulados quando se trata de conceder incentivos à produção nacional. Durante décadas, os automóveis por aqui eram equivalentes aos modelos fora de linha no mundo desenvolvido. A reserva de mercado de informática foi outro crime de lesa-pátria: milhões foram injetados em empresas picaretas, que só fabricavam carcaças de computador e importavam o recheio.
Coincidência ou não, um setor agora agraciado com a redução de encargos é o de software. Também serão beneficiadas com a redução de encargos as indústrias de calçados, vestuário e móveis.
Ou seja, os bilhões que o governo deixará de arrecadar irrigarão, sobretudo, uma indústria importante, mas com presença incipiente no mundo (software), e grandes empregadores (setores de sapatos, roupas e móveis) que produzem itens de baixa tecnologia.
Batizada de Brasil Maior, a política industrial de Dilma não deve catapultar o país para o topo das nações industrializadas. É um feijão com arroz cujo resultado futuro é (no mínimo) incerto.
Ainda assim, é a primeira intervenção real do governo federal no mandato de Dilma Rousseff. A presidente decidiu quase sozinha os principais detalhes do pacote. Se tiver sucesso, receberá todos os louros da vitória. Se fracassar, não terá em quem colocar a culpa.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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