A dois meses do prazo final para acertar as filiações e composições partidárias com a Justiça Eleitoral, os principais partidos aceleram as articulações esta semana para a formação de chapas fortes nos municípios mineiros. Com diferentes estratégias, PSDB, PMDB e PT pretendem se multiplicar nas prefeituras e câmaras em 2012 com um mesmo objetivo: se fortalecer para a disputa pelo Palácio da Liberdade dois anos depois.
De reuniões regionais a mensagens de incentivo, os dirigentes trabalham para ter candidatos próprios ou alianças nas principais cidades de Minas. Histórico mostra que enquanto PT e PSDB cresceram nas últimas três eleições municipais, o PMDB vem perdendo espaço.
O PMDB reúne hoje, em um encontro na capital, os representantes das cidades pólo do estado para preparar as candidaturas às prefeituras no ano que vem. A ordem na legenda é apresentar nomes em todos os municípios com mais de 50 mil habitantes. A intenção é ter candidato próprio em mais de 500 municípios e participar, seja com vice ou apenas coligação, em todas as cidades. O PMDB tem hoje 122 prefeitos e quer ampliar o número ao máximo possível. As últimas eleições, no entanto, mostram que a legenda vem perdendo espaço nas administrações municipais mineiras. Em 2000, foram eleitos 232 prefeitos peemedebistas; em 2004, 142; e em 2008, 121.
Mesmo com as dificuldades financeiras – o PMDB corre o risco de ficar pelo terceiro ano sem receber o fundo partidário em razão de desaprovação de contas anteriores pela Justiça Eleitoral –, o presidente do partido, deputado federal Antônio Andrade, quer mostrar que há estrutura para apoiar as candidaturas.
"Vamos administrar com os poucos recursos que temos. Serão R$ 140 mil a menos por mês, mas vamos buscar ajuda no PMDB nacional e buscar estrutura para nos fortalecer. Se eleição fosse apenas recurso financeiro a oposição nunca venceria", disse.
Já o PT tem planos mais audaciosos. Pretende dobrar o número vereadores e conquistar mais 40 prefeituras nas cidades mineiras. Para isso, aposta na popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua sucessora, Dilma Rousseff. Os petistas têm hoje 110 prefeituras, 92 vices e 650 cadeiras nas câmaras municipais. O partido foi o que mais cresceu entre os três maiores (PT, PMDB e PSDB) nos últimos pleitos.
De 34 prefeituras eleitas em 2000, pulou para 85 em 2004 e 110 em 2008. O presidente do partido em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes, já iniciou as tradicionais caravanas pelos municípios mineiros. Segundo ele, foram mais de 30 viagens em busca de filiações, chapas e apoios.
Tal campanha terá um reforço de peso. O ex-presidente Lula é esperado em visita a Belo Horizonte no dia 18, quando vai almoçar com 150 lideranças. "Vamos fazer um bate-papo com os aliados e um encontro com a sociedade", disse Lopes. Para o dirigente, apenas o fato de ter o comando do governo federal não torna mais fácil para o PT ampliar seu espaço no estado. "É preciso ter uma postura correta", avaliou. Em relação à sucessão do governo de Minas em 2014, Reginaldo Lopes disse que a estratégia é apoiar também legendas aliadas à presidente Dilma para garantir representatividade no maior número possível de administrações.
Tucanos À frente do governo estadual, o PSDB investe na formação de novas comissões provisórias para levar dirigentes do partido a todas as regiões do estado. Hoje, a Executiva se reúne para formalizar estruturas, chegando a cerca de 600 cidades. A expectativa é elevar o número para 700 até outubro. Dia 27, serão feitas reuniões simultâneas em 45 municípios. O PSDB também tem uma equipe coordenadora cuidando especialmente das 50 maiores cidades mineiras. Hoje, os tucanos comandam 156 prefeituras e o objetivo é chegar a 200 em 2012. Se seguir o mesmo ritmo das últimas eleições, apesar do crescimento, a legenda não conseguirá cumprir a meta. Os tucanos conquistaram oito prefeituras (158) a mais em 2008, em relação a 2004, quando foram eleitos 150 prefeitos do PSDB. Em 2000, foram 137.
Outra tática do PSDB é investir nas filiações. O partido vai trazer quadros do sindicalismo, com um ato de criação do PSDB sindical dia 20, com a presença de lideranças tucanas. O presidente do partido no estado, deputado federal Marcus Pestana, afirma que sempre houve uma proximidade com o setor em Minas, já que o atual senador Aécio Neves teria recebido o apoio de centrais sindicais em suas campanhas ao governo de Minas. "As filiações são para dar concretude a essa relação", disse o dirigente. O PSDB também está preparando gravações de Aécio e do governador Antonio Anastasia para incentivar as candidaturas no interior. Apesar do empenho, os tucanos não descartam abrir mão da cabeça de chapa para aliados. "A vitória de um aliado é a vitória do PSDB", argumentou.
enquanto isso...
...DEM está rachado
Nos democratas, segue a briga interna para decidir de quem será o comando estadual da legenda, que está rachada. Nos bastidores, o atual presidente licenciado, secretário estadual de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, trabalha pela reeleição, mas como é titular de uma pasta, as funções ficariam para quem fosse seu vice. Outro grupo defende o nome de Sebastião Navarro para a sucessão. Segundo Melles, a discussão sobre a eleição, prevista para dia 20, começa esta semana. Ele evita falar em candidatura à reeleição. "Não sei, se quiserem posso ser. Temos a responsabilidade de trabalhar pelo consenso", afirmou. O consenso foi pedido pelo senador Aécio Neves (PSDB), que interveio para tentar estancar a sangria.
FONTE: ESTADO DE MINAS
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