terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ato no Rio espera reunir 30 mil contra corrupção

Organizadores do manifesto anticorrupção participam de debate on-line no auditório do GLOBO

Bruno Góes e Marcio Allemand

RIO - Antes de levantar faixas, subir em carro de som e gritar palavras de protesto contra a corrupção na Cinelândia, nesta terça-feira, às 17h, Cristine Maza, Chester Martins, Marcelo Medeiros e João Carlos Lima - organizadores da manifestação marcada pelo Facebook - participaram de um debate sobre o tema na sede do GLOBO. Na tarde desta segunda-feira, em encontro transmitido ao vivo pelo Twitter, eles responderam a perguntas dos internautas e reforçaram as intenções do movimento: mostrar que a sociedade está atenta, insatisfeita com a impunidade e que situação tem que mudar. O bate-papo durou uma hora e os quatro falaram sobre como surgiu a ideia da mobilização, sobre os objetivos do movimento, sobre o apartidarismo e sobre a importância das redes sociais, responsável pela divulgação e confirmação da presença de mais de 33 mil pessoas .

- Foi o Chester quem começou todo o movimento nas redes sociais, indignado após ler um artigo do jornalista (Juan Arias) do "El Pais", que dizia que o brasileiro juntava um milhão para fazer uma passeata gay e outras passeatas, mas não fazia nada contra a corrupção - disse Cristine Maza.

Chester Martins então explicou melhor a sua indignação:

- Não é que a gente ache essas outras causas menos importantes do que a causa contra a corrupção, mas aquela frase mexeu com os nossos brios e, dali, eu criei o movimento (Todos Juntos Contra a Corrupção), já acertando data e local para a manifestação: 20 de setembro, na Cinelândia.

Coincidentemente, João Carlos Lima e Marcelo Medeiros também foram influenciados pelo artigo do jornalista espanhol e criaram o "Movimento 31 de Julho". Os dois conheceram Cristine e Chester numa passeata na orla e resolveram unir forças para participar do ato desta terça-feira.

Segundo Lima, a manifestação surgiu de maneira espontânea:

- O que mais revolta é esse binômio da corrupção com a impunidade. E efetivamente surgiu essa revolta natural. Nós, espontaneamente, temos este sentimento e, em conversa com meia dúzia de amigos, resolvemos descruzar os braços e partir para a luta- disse ele.

Outro tema comum entre os organizadores do manifesto foi a atitude da Câmara dos Deputados que, com a ajuda do voto secreto, salvou o mandato da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada em vídeo recebendo propina do suposto esquema de mensalão do DEM.

- Nós queremos efetivamente mudar o destino do nosso país. Isso é o que a gente quer. Nós estamos com pretensões elevadas - diz Lima, para quem uma "faxina aqui e outra ali" não vai resolver o problema.

- Nós temos ainda o expediente desse famigerado, covarde, absurdo voto secreto no Congresso Nacional. Foram 265 favoráveis à manutenção da deputada Jaqueline Roriz. Evidentemente que isso é uma demonstração do efeito voto secreto - completou.

Sobre a independência do grupo, Lima faz questão de ressaltar:

- Não há aqui ninguém candidato a cargo algum. Não há apoio de nenhum político eleito ou ex-político. Não há nenhuma associação de classe ou nenhuma associação governamental envolvida. As despesas que temos com esse movimento têm sido pagas com a famosa "vaquinha" brasileira. Nós estamos rateando entre nós, entre amigos e pessoas que podem ajudar ou que queiram colaborar. (O movimento) nasceu com essa autenticidade e nós vamos tentar manter essa autenticidade.

Os organizadores têm consciência e parecem não se assustar com o tamanho da responsabilidade de cada um que está envolvido com este movimento. Eles sabem, também, que a mobilização não pode parar. Por isso, uma próxima manifestação já está agendada para o dia 12 de outubro, também no Rio de Janeiro. Quanto à participação de outras cidades, Chester Martins foi categórico:

- Sabemos que nesta terça-feira outras manifestações estarão acontecendo ao mesmo tempo em outras cidades do Brasil. O nome do movimento é Todos Juntos Contra a Corrupção, portanto, é um movimento de toda a sociedade. Não é e nem queremos que seja exclusividade nossa.

FONTE: O GLOBO

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