Paralisação começou no dia 13; cliente que receber encomenda com atraso pode ter ressarcimento, diz especialista
Trabalhadores e empresa permanecem sem acordo; Febraban orienta bancos a não cobrar juros de clientes
Cirilo junior
SÃO PAULO - A greve dos Correios completa nove dias e mina, cada vez mais, a paciência de milhões de brasileiros que dependem do serviço postal para fazer negócios e resolver compromissos pessoais.
Com o impasse entre a direção da empresa e os trabalhadores, não há indicação de fim da paralisação. O sindicato não aceita a condição imposta pela direção dos Correios. A empresa só promete reabrir as negociações quando os trabalhadores retornarem aos postos.
Segundo os Correios, 21,5% dos 110 mil trabalhadores estão de braços cruzados. O sindicato fala em 70%. Desde o início da greve, 35% dos objetos estão com atraso na entrega. Os Correios entregam todos os dias 35 milhões de objetos. Para a empresária Silvia Guedes, 27, a perspectiva, diante desse quadro, é de negócios desfeitos.
Dona de um site especializado na venda de sapatos, Silvia tem dez encomendas que não consegue despachar desde o início da greve, no último dia 13. "Acreditava que essa greve ia acabar logo. Se for alongada, creio que os clientes vão começar a cancelar os pedidos", afirma.
O prejuízo para a funcionária pública Gisele Oliveira, 30, já é real. Moradora de Ananindeua (PA), ela tinha até a última segunda para finalizar sua inscrição num curso de pós-graduação da PUC-MG.
Apesar de ter enviado os documentos com antecedência, os papéis não chegaram. Gisele terá que esperar a próxima janela de inscrições.
"Eles não aceitam documentos escaneados, mesmo com a situação da greve. Alegam que há poucos casos como o meu", afirma Gisele, que tirou a segunda via de contas na internet para não atrasar os pagamentos.
O QUE FAZER
Especialista em defesa do consumidor, Patricia Petrilli, do Procon, orienta os consumidores a buscar outros meios de pagar suas contas no período de greve, como imprimir o boleto via internet ou pedir à empresa o código de barras que vem no documento de cobrança.
"As empresas têm que informar aos clientes sobre outras formas de pagamento", afirma Petrilli. O cliente que receber a encomenda com atraso pode pedir ressarcimento pelo serviço prestado. No caso, a empresa na qual efetuou a compra será acionada.
"Os Correios não firmaram o contrato de compra com o consumidor. As empresas é que devem cobrar dos Correios", diz Patricia. Cabe à empresa decidir sobre a cobrança de encargos relativos ao período de greve.
A Febraban está orientando seus associados a não cobrar juros sobre os boletos de créditos emitidos pelo próprio banco.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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