Para ex-presidente, essa seria a solução para aprovar sistema eleitoral com financiamento público de campanha e fim das coligações proporcionais
Andrea Jubé Vianna, Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Em reunião ontem com líderes de partidos governistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, se não houver acordo para votar a reforma política no Congresso, a base aliada deve se empenhar pela convocação de uma Assembleia Constituinte para mudar o sistema eleitoral. Lula trabalha pela aprovação do financiamento público de campanha, voto proporcional misto e fim das coligações proporcionais.
Diante do vice-presidente Michel Temer e de parlamentares e dirigentes de PMDB, PT, PSB, PDT e PC do B, Lula disse, em encontro no Palácio do Jaburu, que a corrupção "diminui bastante" com o financiamento público, mas admitiu haver dificuldades para a aprovação da proposta.
Depois de afirmar, na véspera, que "político tem de ter casco duro" e não pode "tremer" quando for acusado de fazer "coisa errada", Lula disse que 90% das denúncias hoje divulgadas pela imprensa têm como base investigações da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal e do Ministério Público.
Apesar da animação de Lula, o deputado Henrique Fontana (PT-RS), relator da reforma, admitiu não haver consenso entre os partidos, em especial sobre o novo modelo de votação. Contudo, Fontana e o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), citaram avanços nas negociações para a aprovação do financiamento público, principal bandeira do PT.
Raupp declarou que o PMDB aceita o financiamento público, principalmente se a reforma contemplar o fim das coligações nas eleições proporcionais. No entanto, advertiu: "O PMDB não aceita o voto em lista defendido pelo PT". O PMDB defende o voto majoritário nas eleições proporcionais (deputados e vereadores), o chamado "distritão". "Se complicar demais, a reforma política não sai", disse.
O modelo que Fontana defenderá em seu relatório é o voto proporcional misto, em que o eleitor escolhe um deputado pelo voto em lista partidária fechada, e outro pelo modelo atual, em lista aberta. Fontana admitiu que precisa avançar no diálogo sobre esse tema e adiantou que nos próximos dias vai procurar DEM e PSDB para discutir o assunto.
Votação. Mesmo diante da falta de consenso sobre o modelo de votação, Fontana acredita que as negociações estejam evoluindo para que seu relatório seja votado na comissão especial da Câmara no dia 5 de outubro. Segundo ele, os participantes da reunião de ontem prometeram somar esforços pela votação.
O PT pretende realizar uma manifestação da sociedade civil a favor da reforma. "Está se criando um clima positivo para que se melhore a política nacional. O pior dos mundos é ficar com esse sistema que tem gerado todas as distorções que vocês têm divulgado", disse Fontana.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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