segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Cúpula do PSDB prestigia livro da Força

João Villaverde

Brasília - A recente aproximação da Força Sindical, a segunda maior central sindical do país, com líderes do PSDB, ganha hoje um novo capítulo. A Força lança um livro comemorativo aos 20 anos da central, em São Paulo, esperando a presença do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), além do prefeito Gilberto Kassab (PSD). Mas está no livro o passo mais direto rumo a uma ligação entre Força e PSDB - o prefácio assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Recheado de críticas indiretas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao PT, o texto do ex-presidente tenta mostrar que a fundação da Força, em março de 1991, teve participação direta do PSDB. "Como senador da República", escreve FHC, "eu não somente testemunhava, naquele momento, o ato político de fundação, como também deixava clara minha participação ativa nas articulações". À época, o movimento sindical contava com apenas duas centrais: a CUT, ligada ao PT e das greves dos metalúrgicos no ABC paulista, e a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), que apoiava o então presidente Fernando Collor.

"O Brasil carecia de um movimento sindical moderno, interessado não apenas na gritaria e no discurso radical - para não dizer histérico -, mas também preocupado com conquistas reais na melhoria de vida dos trabalhadores", escreve FHC, numa clara crítica à CUT.

O líder tucano também dá uma estocada no rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que surgiu no cenário nacional como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, entre 1978 e 1982, auge das greves nas montadoras da cidade. O "sindicalismo ideológico" que existia antes da Força, escreve FHC, adotava "posições políticas extremistas, provocando impasses grevistas que promoviam seus líderes, mas não ofereciam resultados concretos para a massa de assalariados".

Lula, que também assina um prefácio no livro, defende a estratégia adotada ao longo de seu segundo mandato, que resultou no apoio de cinco das seis centrais a Dilma - apenas a UGT ficou neutra. "A unidade das centrais foi fundamental para que o país avançasse tanto em tão pouco tempo (...) elas foram parceiras na implementação do novo modelo de desenvolvimento que levou o Brasil", escreve Lula. "De tudo isso a Força Sindical participou com entusiasmo e criatividade", afirma o ex-presidente.

"De início, tentou-se construir uma central sindical unificada", escreve Lula, em referência à CUT, fundada em 1983 por sindicalistas filiados ao PT. "Posteriormente, foram sendo plasmadas as seis centrais sindicais hoje existentes", escreve o líder petista.

A Força foi fundada por dirigentes ligados predominantemente ao PDT, que era presidido pelo então governador do Rio, Leonel Brizola. O primeiro presidente da central, Luiz Antônio de Medeiros (1991-1999), era aliado político de Fernando Collor de Mello, e apoiou os dois mandatos de FHC (1995-2002). No segundo mandato de FHC, Medeiros apoiou o governo no Congresso, como deputado federal pelo PFL (atual DEM). De 1999 para cá, a Força é presidida por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também deputado federal, mas pelo PDT de São Paulo.

Criticada até hoje como "central neoliberal" por líderes da CUT, a Força passou a defender desde 2007, de forma explícita, o governo do PT. Lula convidou Medeiros para ser secretário na Pasta do Trabalho, que também trocou de mãos - passou de Luiz Marinho, ex-dirigente da CUT, para Carlos Lupi, presidente nacional do PDT. Em 2008, Lula autorizou o repasse de 10% arrecadado com o imposto sindical às centrais. No passado, o apoio de Paulo Pereira à candidatura de Dilma Rousseff foi mais explícito que o da própria CUT.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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