Para Haddad, rival tornaria eleição de SP "qualificada"; secretário questiona chances do ex-presidente do BC na periferia
Leila Suwwan
SÃO PAULO. A filiação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao PSD surpreendeu o PT paulistano, mas não embaralhou as análises para o cenário eleitoral de 2012. Na visão dos petistas, tanto Meirelles como o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif, ocupariam o mesmo "campo político", isto é, o espólio do prefeito Gilberto Kassab. A diferença seria que Meirelles, um ex-tucano e ex-peemedebista, teria a cartada "Lula" na manga. Mas há dúvidas sobre qual efeito isso teria na massa dos eleitores, devido a seu perfil de "banqueiro".
- Qual é a chance do Meirelles na periferia de São Paulo? Ele não conhece esse mundo. Ele conhece o mundo da administração financeira. Não conhece bem os problemas na ponta, na vida das pessoas - disse o secretário-geral do PT, Elói Pietá, que apoia a pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad.
Para o presidente do diretório municipal do PT, o vereador Antonio Donato, a eventual candidatura de Meirelles não muda a correlação de forças, já que, na sua avaliação, o ex-presidente do BC agrega conteúdo ao novo partido, mas não necessariamente novos segmentos eleitorais.
- Não está claro se ele será o candidato. Se for, não cria fato novo, no campo político. Ele e Afif entram no espaço do Kassab, do PSD, que é forte na cidade. Evidentemente, se for usado seu histórico dentro do governo Lula, isso irá agregar para a imagem de Meirelles, mas não achamos que isso vá confundir o eleitor - disse Donato.
Dos dois principais pré-candidatos petistas, Haddad foi o único a comentar, e evitou polêmicas, lembrando justamente que foi colega de Meirelles na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A senadora Marta Suplicy está em Nova York, onde participa de debates na Assembleia Geral da ONU.
- É uma pessoa qualificada, participou do governo Lula. É do jogo democrático. Tenho muita esperança de que a eleição em São Paulo será muito qualificada - disse Haddad no sábado, em ato onde recebeu um terceiro apoio de corrente interna do PT, da Mensagem ao Partido. Ele já tem a seu lado a CNB (Construindo um Novo Brasil) e parte da Novo Rumo.
PSD se aproxima de Dilma, mas diverge do PT em SP
A cartada de Kassab, para petistas, também será nula caso José Serra (PSDB) decida se lançar à prefeitura. Nesse caso, terá o apoio do PSD. Hoje, os tucanos trabalham com o nome de Bruno Covas, secretário estadual do Meio Ambiente. Pelo PMDB, já foi lançado o deputado federal Gabriel Chalita.
O PSD, em nível nacional, busca aproximação com o governo Dilma e siglas aliadas. Em São Paulo, porém, o partido é adversário do PT. Kassab faz mistério sobre suas intenções, mas declarou que Meirelles "seria um excelente candidato a prefeito de São Paulo", caso o PSD precise. O ex-presidente do BC transferiu seu título eleitoral para a capital paulista para servir de opção política, mas já é tido internamente como "nome de peso" para a disputa.
FONTE: O GLOBO
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