segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Americanos que mediram impacto de juros e impostos levam Prêmio Nobel

Thomas Sargent, professor de Princeton, e Christopher Sims, da Universidade de Nova York, foram os vencedores na categoria Economia. Sims esteve no Brasil em 2008

Christopher Sims e Thomas Sargent vencem prêmio Nobel de Economia

RIO e ESTOCOLMO - Os economistas americanos Christopher Sims, professor da Universidade Princeton, e Thomas Sargent, professor da Universidade Nova York, ambos com 68 anos, venceram a edição 2011 do prêmio Nobel de Economia. O anúncio foi feito pela Real Academia de Ciências Sueca, às 8h05m desta segunda-feira. Eles foram premiados pelas suas "pesquisas empíricas sobre causas e consequências na economia" de mudanças na taxa básica de juros e outros instrumentos de política econômica. Sims esteve no Brasil recentemente para participar de um congresso.

O prêmio de US$ 1,5 milhão vai ser dividido igualmente entre os dois. A cerimônia de consagração dos dois americanos vai ser realizada no dia 10 de dezembro.

O comitê responsável pela premiação disse que os vencedores desenvolveram maneiras singulares de responder a questões como o quanto o crescimento econômico e a inflação são afetados por um aumento temporário na taxa básica de juros ou por cortes de impostos.

"Hoje, os métodos desenvolvidos por Sargent e Sims são ferramentas essenciais de análise macroeconômica", informou o comitê.

Premiação foi oportuna, diz Langoni, da FGV

Sargent mostrou como um modelo econômico, de sua autoria, pode ser utilizado para analisar mudanças permanentes na política econômica. Esse método pode ser aplicado para estudar mudanças nas relações econômicas decorrentes das expectativas de consumidores e empresas. Ele estudou, por exemplo, o período que sucedeu a 2ª Guerra Mundial, quando muitos países tenderam a efetuar políticas econômicas inflacionárias, mas depois fizeram mudanças e inverteram para baixas taxas de inflação.

- Não tem nada mais difícil do que lidar com a teoria das expectativas e as duas mais críticas, nas ciências econômicas, são a inflação e o PIB - comentou o ex-presidente do Banco Central (BC) e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Langoni, a propósito do trabalho dos vencedores do prêmio Nobel de Economia, que são especialistas em teoria das expectativas.

Já Sims desenvolveu um método que analisa como a economia é afetada por mudanças temporárias na política econômica. Ele, e outros pesquisadores, utilizaram um método próprio para estudar, por exemplo, as consequências dos aumentos da taxa básica de juros por bancos centrais. Normalmente, leva-se um ou dois anos para a taxa de inflação reduzir, enquanto o crescimento econômico perde força mais rapidamente no curto prazo, segundo os estudos de Sims.

Langoni, da FGV, avalia que a premiação de Sargent e Sims foi "oportuna", porque a crise atual europeia foi causada "inegavelmente" por uma "clara distorção na política macroeconômica".

- Num momento em que o mundo está à beira de mergulhar numa nova recessão, nada mais oportuno do que a premiação ser dada a Thomas Sargent e Christopher Sims. O trabalho dos dois dois é uma forma de resgatar os fundamentos da boa prática macroeconômica - diagnosticou Langoni, acrescentando que a crise atual é fruto, inegavelmente, de uma "clara distorção na política macroeconômica".

Visita de Sims ao Brasil

Foi em 2008, no meio da mais grave crise financeira desde 1929, que Sims esteve no Brasil, participando no Rio de Janeiro do Encontro Latino-Americano da Sociedade Econométrica (Lames, na sigla em inglês), coordenado pelo também economista Aloísio Araújo, do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da FGV.

Araújo, que está nos Estados Unidos, lembrou que Sims, na ocasião, fez uma palestra sobre "A atual crise: o que aprendemos até agora?".

- É bom saber que pessoas tão sólidas e tão importantes tenham seus trabalhos reconhecidos - comentou Araújo, acrescentando que ambos são "gigantes nas suas áreas de estudo".

FONTE: O GLOBO

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