A crise econômica que a Europa está passando neste momento, juntamente com a crise persistente nos Estados Unidos revelam, a meu ver, muito pouco de economia e finanças mas, antes de mais nada, escancaram a falência da institucionalidade política frente à realidade da vida contemporânea. O funcionamento dos mercados, os costumes sociais e até mesmo os valores individuais estão de tal maneira modificados que não cabem mais no mundo restrito e pequeno das nações e mesmo de suas federações, confederações, G8, G20, OTAN, Mercosul, Liga Árabe, ONU, etc etc etc
A sensação de pasmaceira e de inexistência de soluções é singular. Não nos causa nenhuma comoção, surpresa ou mesmo leve percepção de diferença se os governos que caem, como no caso da Grécia, ou são eleitos, como na Espanha são socialistas, liberais ou conservadores. No Egito caiu uma ditadura sob a pressão popular e agora cai mais um governo, sem que se avizinhe uma solução mais definitiva, e na eleição que se avizinha, pouco se consegue identificar de programas diferentes de verdade.
O mesmo se dá ao observar o andamento da crise no Ministério do Trabalho aqui no Brasil, se cai ou não cai o ministro, se o PDT fica ou não fica com “a máquina”, se é a Força Sindical a CUT, ou qualquer outra sigla de central sindical que terá maior influência no ministério. Tanto faz, não há projeto ou visão de mundo que diferencie as opções. Mesmo comparando com uma hipotética, improvável e absurda assunção desse ministério pela oposição: quem se arriscaria a apontar quais seriam (ou foram) as diferenças significativas?
No mundo virtual das redes sociais, se dá a mesma coisa, os grupos se formam, num momento, se mobilizam, até ajudam a derrubar governos, como na chamada Primavera árabe, e assim como surgiram desaparecem ou perdem apelo, e ficam resumidos a alguns poucos insistentes, recalcitrantes e repetitivos membros, deixando de ser sociais e passando a ser grupais e não raras vezes, individuais.
Tal ambiente de crise de idéias, embora cause certo desconforto, é muito animador, pois não deve descambar para a barbárie como em ocasiões anteriores na história humana, hoje mais difícil pelo enorme avanço da democracia em nível mundial.
Pode haver abalos, aqui ou acolá, mas a hora é de otimismo, já se disse em ocasiões desse tipo:
Tudo que é sólido desmancha no ar !
Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.
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