"Não vejo razão para substituí-lo. Não tem nenhuma denúncia comprovada", afirmou Rui Falcão, líder petista, em abertura de congresso. Assessores do ministro silenciam sobre acusações.
Lupi ganha uma colher de chá do PT
Em Congresso da Juventude, petistas saem em defesa do ministro do Trabalho, mas líder do governo prefere tratar a situação com cautela
Paulo de Tarso Lyra, Junia Gama e Vinicius Sassine
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, defendeu a permanência do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, à frente da pasta, apesar das denúncias de irregularidades que se sucedem apontando uma relação promíscua com as ONGs. "Vendo o teor das denúncias, não vi razão para substituí-lo. Não tem nenhuma denúncia comprovada", completou Falcão, durante a abertura do 2º Congresso da Juventude do PT, em Brasília.
Os assessores diretos do ministro Carlos Lupi optaram pelo silêncio no fim de semana. O Correio tentou ouvir uma resposta para as denúncias de uso do avião alugado por Adair Meira, presidente da Fundação Pró-Cerrado, mas não obteve retorno do assessor especial do ministro, Max Monjardim. A assessoria de imprensa do ministério também não deu retorno.
Um diretor do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) disse que Lupi passou a discutir sua situação no ministério com os secretários da pasta, ao longo de toda a semana. Na sexta-feira, teria seguido para o Rio de Janeiro. "Eu acho que a gente só vai saber de alguma coisa no ministério na quarta-feira, depois do feriado", diz o diretor.
Outra grande estrela do Congresso da Juventude do PT, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu alertou para o que chamou de "onda de denuncismo", que já levou à queda de cinco ministros por corrupção e um — Nelson Jobim, da Defesa — por confirmar que votara em José Serra nas eleições de 2010. Dirceu lembrou que, nos dois momentos em que essa avalanche de denúncias de corrupção ocorreu, quem acabou caindo foi o principal mandatário do Poder Executivo. "As duas ondas moralistas contra a corrupção derrubaram os presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor."
Dirceu ainda lembrou uma norma do governo federal dizendo que os ministros precisam ter conhecimento das possíveis irregularidades existentes em suas pastas. E, se elas forem comprovadas, serem responsabilizados por isso. "Então, também devemos responsabilizar o governador Geraldo Alckmin, o ex-governador José Serra e o PSDB pelo escândalo de vendas de emendas parlamentares na Assembleia Legislativa de São Paulo", afirmou o ex-presidente do PT.
Dirceu também fez uma rápida menção ao ex-ministro do Esporte Orlando Silva, exonerado há pouco mais de duas semanas por denúncias de corrupção na pasta. Diante da juventude petista, Dirceu enviou uma mensagem de "ânimo, força e afeto" ao ex-ministro e acrescentou que representava muito bem a juventude no governo — Orlando é ex-presidente da UNE. Ao fim do discurso, Dirceu ganhou uma camiseta em que sua imagem é circundada pela inscrição "golpe da elite". Sob a imagem, a palavra inocente.
Um petista citado foi o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Falcão disse que não existem motivos para preocupação e que a própria Câmara Legislativa do Distrito Federal arquivou pedidos de impeachment contra o governador. "Esses canalhas e caluniadores tentam atingir o Agnelo, mas o objetivo é atingir o PT", disse. Falcão fez ainda uma saudação a "todos aqueles que votaram no Agnelo para acabar com aquela corja", numa referência à oposição ligada ao ex-governador Joaquim Roriz.
"Não sou astrólogo"
No Congresso, lideranças petistas foram mais cautelosas em relação à situação de Lupi. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que as denúncias contra o ministro do Trabalho devem ser apuradas e que o governo irá aguardar para ver o que Lupi irá dizer sobre as últimas revelações. "A Dilma não quer jogar nada debaixo do tapete e ninguém está impedindo as investigações. Temos que aguardar agora", disse ele.
O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), também foi pouco assertivo em relação a Lupi. Afirmou acreditar que o ministro é "um homem honesto" e o que o "leite de Lupi ainda não derramou", mas disse não poder afirmar com certeza se o ministro aguentaria mais uma semana no cargo: "Não sou astrólogo para prever isso".
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
Nenhum comentário:
Postar um comentário