segunda-feira, 14 de novembro de 2011

PDT e PT já disputam Trabalho

Pedetistas querem que mudança na pasta ocorra em janeiro

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Setores do PDT articulam nos bastidores a substituição do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em janeiro. Já há uma disputa no PDT e até no PT pelo controle da pasta. O consenso entre pedetistas é que a saída imediata de Lupi desgastaria mais a imagem da legenda. Por isso, o PDT quer aproveitar a reforma ministerial para efetuar a mudança de comando.

O temor no PDT é que as novas denúncias comecem a atingir outras lideranças do partido, como ocorreu no PCdoB, quando o partido foi obrigado a substituir Orlando Silva por Aldo Rebelo no Ministério do Esporte.

Sem "caso direto de corrupção", substituição só na reforma

Para o Planalto, a nova denúncia de que Lupi teria usado um avião emprestado pelo dirigente de uma ONG acusada de desviar dinheiro de convênios com a pasta não muda sua situação. Nas palavras de um interlocutor da presidente Dilma Rousseff, a situação do ministro já era delicada. Mas se não houver fato concreto de corrupção envolvendo Lupi, ele ganhará sobrevida até a reforma ministerial.

- O Lupi já está muito fraco. Mas, se não tiver um caso direto de corrupção, ele só será substituído na reforma - explica um ministro.

Dilma evita criar problemas na base e centra esforços para aprovar no Congresso a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Segundo um auxiliar da presidente, Lupi já estava fraco antes das recentes denúncias. Seu desempenho era sofrível, o Planalto já identificara irregularidades na condução do ministério.

No PDT, o grupo do ministro tentará manter o controle dos cargos no ministério com a indicação do deputado André Figueiredo, ex-secretário-executivo da pasta e presidente do PDT em exercício. A Força Sindical, do deputado Paulinho (PDT-SP), trabalha pela indicação do deputado João Dado (PDT-SP). O deputado Brizola Neto (PDT-RJ) também tenta a sucessão.

- Não é o momento de discutir a substituição de Lupi. Se ele saísse neste momento, admitiria que as denúncias têm fundamento. Denúncias desgastam o partido. As pessoas estão incomodadas, é constrangedor para todos. Tem gente do PDT que aproveita a situação para desgastar Lupi politicamente. Mas o desgaste maior seria sair no meio desse tiroteio. Passaria a imagem de que mais um corrupto caiu. Não poderíamos aceitar isso. Mas, na reforma ministerial, toda a equipe será recomposta. Ele não será o único a sair. Nessas circunstâncias, é natural - observou o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), secretário de Relações Internacionais do partido.

Dilma deu sinais de que deseja ampla renovação na pasta, como fez nos Transportes para desativar o feudo do PR. Um grupo do PT mais próximo da CUT começa a articular a retomada da pasta, já ocupada por petistas como Ricardo Berzoini e Luiz Marinho.

"Fogo amigo" na origem de denúncias a revista

O núcleo palaciano detectou o chamado "fogo amigo" em parte das denúncias contra Lupi. Tanto que a principal acusação da revista "Veja" - de que Lupi usou um avião pago por uma ONG - foi feita pelo ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego do ministério, Ezequiel de Souza Nascimento. Segundo relatos, Nascimento foi pressionado por facções do partido a recuar das acusações. Ele teria sido ameaçado a perder até mesmo o cargo comissionado na área jurídica da liderança do PDT na Câmara. Para interlocutores, Nascimento demonstrou estar assustado com a pressão que passou a sofrer nos últimos dias. O deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA) cobrou publicamente explicações dele ao partido. Procurado pelo GLOBO, Nascimento não retornou.

FONTE: O GLOBO

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