O reflexo da crise financeira global bateu em cheio no emprego no Brasil em novembro. No mês, houve criação de apenas 42.735 vagas com carteira assinada, já descontadas as dispensas. O número representa um terço do registrado em novembro de 2010 e o pior resultado desde 2008. A retração maior do emprego ocorreu na indústria. De janeiro a novembro, foram abertas 2,3 milhões de vagas. Em dezembro, a previsão é que sejam fechados 350 mil postos de trabalho. Na contramão, o Rio de Janeiro apresentou a maior geração de empregos (contratações menos demissões) entre os 27 estados, com 24.86 vagas.
O ano deve fechar com o pior déficit em contas externas desde 1947, no início da série histórica: empresas estão remetendo dinheiro para o exterior para cobrir prejuízos lá fora
Crise em alta, emprego em baixa
País teve apenas 42.735 vagas com carteira assinada abertas em novembro, o pior mês desde 2008
Mônica Tavares
A crise que desacelerou fortemente o Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre cobrou a fatura no mercado de trabalho no mês passado. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, foram abertas em novembro apenas 42.735 vagas com carteira assinada, menos de um terço do mesmo mês de 2010 (138.247) e o pior registro tanto deste ano quanto para o mês desde o estouro da crise financeira global, em 2008, quando 40.821 trabalhadores foram demitidos.
As dispensas na indústria, cuja produção recuou no terceiro trimestre, foram as principais vilãs: 54.306. Mas, na média nacional, outros três setores também demitiram: agricultura (corte de 42.297 vagas), construção civil (22.789) e serviços industriais de utilidade pública, que englobam geradoras e distribuidoras de energia, empresas de água e esgoto etc (171).
O professor de Economia Alcides Leite, da Escola Trevisan de Negócios, atribui o baixo saldo de novembro à desaceleração da economia, que teve reflexos mais fortes na indústria:
- É o setor que tem mais formalização de mão de obra. Acho que três fatores foram fundamentais para a redução: baixo crescimento do PIB, decréscimo na indústria e falta de investimentos na qualificação de mão de obra.
A indústria é o setor mais afetado pela crise e pelas medidas tomadas pelo governo entre o fim de 2010 e junho de 2011.
- Os reflexos são sentidos somente agora porque existe uma defasagem no tempo - diz o economista da Consultoria Tendências Rafael Bacciotti, que previa abertura de 60 mil vagas.
A construção civil vem sofrendo com a redução dos investimentos públicos e a falta de mão de obra qualificada. E o início da entressafra da cana-de-açúcar respondeu por metade das dispensas nas áreas rurais. Os três estados com o pior desempenho em novembro - São Paulo, Goiás e Mato Grosso - têm forte presença da indústria e do cultivo de cana. No mercado paulista o saldo negativo foi de 29.145 postos. Só a indústria fechou 35.406, sendo 20.891 relacionados à fabricação de açúcar bruto. A diferença se deve à contratação nos setores de serviços e comércio.
Rio tem maior geração de postos do país: 24.867
Na contramão, o Estado do Rio apresentou a maior geração líquida de empregos entre as 27 unidades da federação, com 24.867 contratações. A última vez que o Rio liderou o ranking foi em novembro de 2010.
O bom momento dos setores de serviços (abertura de 9.015 postos) e industrial (novas 1.436 vagas) e as contratações no comércio para o fim de ano - criação de 14.303 empregos - responderam pelo destaque fluminense. Ainda assim, o saldo líquido de novembro no estado foi inferior ao do mesmo mês do ano passado, quando foram criadas 31.965 vagas com carteira assinada.
Segundo o Ministério do Trabalho, no mês passado houve alta de emprego em quatro setores da economia brasileira: comércio (107.920), serviços (53.999), administração pública (250) e atividade extrativa mineral (129), principalmente minério de ferro.
Entre janeiro e novembro, foram abertas 2.320.753 milhões de vagas com carteira assinada no Brasil. A projeção anterior era de 2,4 milhões. Como este mês devem ser fechadas 350 mil vagas, a geração líquida de empregos no ano ficará abaixo de dois milhões. Para Alcides Leite, em 2012 esse número cairá à metade.
FONTE: O GLOBO
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