Para uma presidente "gestora", com ojeriza a políticos e sem vocação nem paciência para tratar com partidos, Dilma Rousseff obteve neste ano uma expressiva coleção de vitórias no Congresso.
Liquidou assuntos que, no plenário, poderiam servir como instrumento de chantagem. Prorrogou até 2015 a DRU (licença para o governo gastar como quiser 20% das receitas) e tornou automática a regra de reajuste do salário mínimo.
Destravou temas que mobilizavam lobbies poderosos contra o Executivo. A regulamentação da Emenda 29 foi aprovada sem o temido aumento das despesas da União com saúde. O Código Florestal avançou fácil no Senado -e com a redação desejada pelo Planalto. O Orçamento de 2012 passou sem o aumento salarial pleiteado pelo Judiciário.
De quebra, questões pessoalmente caras à presidente também prosperaram, como a criação da Comissão da Verdade, o fim do sigilo eterno de documentos públicos e a flexibilização da Lei de Licitações.
Intimidada pela maioria elástica do governo no Congresso, a oposição não teve energia para reagir. Ou fez a opção tática de se recolher, na expectativa de que a intransigência de Dilma erodisse a base.
Desgastes de fato ocorreram. Dilma dispensou o principal operador político (Antonio Palocci), tirou ministros de PMDB, PC do B, PDT e PR e interveio em redutos de aliados na máquina federal. Mas o clima ainda não está para dissidências.
Alguém poderá dizer que todo presidente larga com força política. Ou que o Planalto não conseguiu zerar as pendências no Congresso, vide a divisão dos royalties do pré-sal. Ou que a unidade da aliança não passa de ilusão: legendas só esperam um pretexto (o revés na economia?) para bandear. Mesmo assim, a estreia legislativa de Dilma superou as expectativas e é um curioso contraponto à timidez administrativa do primeiro ano de seu governo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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