Tudo seria mais fácil se o PT e o PMDB fossem dois monoblocos, mas, se até simularam isso bem na era Lula, agora rasgam a fantasia. O PT está rachado ao meio em São Paulo e no Congresso, e o PMDB é uma tropa cheia de comandantes, mas sem comando. São todos como conjuntos matemáticos que ora se afastam, ora se misturam. Neste momento, unem-se contra Dilma.
Ela tenta uma versão heroica, resumindo a rebelião dos aliados a mera sofreguidão por cargos (que é só parte do problema) e buscando aplausos da opinião pública para a "moralização das relações com o Congresso" -uma nova "faxina".
Objetivamente, porém, ela está confrontando a própria base aliada e corre risco de represálias. Quando essa gente quer retaliar, sai de baixo.
O discurso de Dilma e do novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), é de que irão cumprir o acordo com o PMDB para fevereiro de 2013, mantendo um peemedebista na presidência do Senado e elegendo um peemedebista na Câmara, hoje presidida pelo PT.
Petistas, peemedebistas, gregos e troianos acham que não é bem assim e que Dilma, apesar do discurso, vai fazer tudo contra Renan Calheiros no Senado e Henrique Eduardo Alves na Câmara, para não ficar na mão desse PMDB justamente no ano da reeleição, 2014.
Isso significa transformar a atual queda de braço com o Congresso numa guerra campal, até porque boa parte do PT ameaça voltar-se contra Dilma para apoiar o PMDB -em nome da palavra dada, mas, na verdade, pelo acúmulo de passivos com o Planalto. Ou melhor, com Dilma.
Os dois lados têm suas armas. A presidente, a caneta, as verbas, os cargos. Os "inimigos", as leis da Copa e dos royalties do petróleo, o Código Florestal, o Funpresp (fundo de previdência dos servidores) e um trunfo: a capacidade de explodir a coordenação política e arruinar a fama de boa gestora da presidente.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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