Governo vai punir professor que aderir a movimento nacional em defesa do piso e de melhores condições de trabalho
Professores da rede estadual de ensino que aderirem à paralisação nacional, que começou ontem e termina amanhã, terão os dias parados descontados no salário. Segundo o secretário de Educação de Pernambuco, Anderson Gomes, o desconto deve ser feito no contracheque de abril. Na avaliação do governo, não há justificativa para a greve, pois o Estado vai pagar este mês o piso do magistério no valor de R$ 1.451, reajustado em 22%, como determinou o Ministério da Educação (MEC). Uma das reivindicações da categoria, e que motivou a suspensão das aulas em todo o País, é o pagamento do piso.
Docentes da rede municipal do Recife também aderiram à greve. A Secretaria de Educação da capital não decidiu se adotará a mesma postura do Estado. A secretária Ivone Caetano informou que está acompanhando o funcionamento das unidades educacionais e que garantirá os 200 dias letivos exigidos por lei.
“Vamos avaliar, nas escolas estaduais, a situação de cada professor. Quem faltou porque participou da greve terá desconto no salário. O governo anunciou o reajuste do piso logo depois que o MEC informou o novo valor. Haverá um acréscimo de cerca de R$ 300 milhões por ano nas contas do Estado. Essa paralisação não procede em Pernambuco”, destacou Anderson Gomes.
A rede estadual tem aproximadamente 26 mil professores em sala de aula. O secretário de Educação afirmou que os 200 dias letivos exigidos por lei serão cumpridos. “Garantimos aos nossos alunos que eles terão a carga horária completa, como manda a legislação. As aulas serão repostas, pelo professor titular ou por outro ”, observou. Segundo Anderson Gomes, a maioria das 1.101 escolas estaduais funcionou normalmente ontem. “Orientamos os alunos a comparecerem às aulas.”
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Heleno Araújo, informou que a categoria garante a reposição das aulas, desde que não haja desconto no salário. “A paralisação não é só pelo pagamento do piso do magistério. Estamos reivindicando mais investimentos para a área educacional e, no Estado, melhores condições de trabalho. Essa medida do governo vai contra a luta por uma educação melhor no País”, afirmou Heleno Araújo. Ele disse que o Sintepe ingressará com uma representação no Ministério Público Estadual para exigir os 200 dias letivos.
Ontem à tarde, cerca de dois mil docentes de redes estaduais e municipais de ensino, segundo o Sintepe, participaram da passeata para exigir o pagamento do piso salarial. Antes de percorrer ruas do Centro do Recife, a categoria realizou um ato público em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco, no bairro de Santo Amaro. A manifestação seguiu pela Ponte Princesa Isabel, Rua do Sol, Ponte Duarte Coelho e terminou na Praça da Independência.
O Sintepe estima que 80% dos colégios estaduais não funcionaram ontem. Na Escola Estadual Guedes Alcoforado, em Olinda, não houve aula porque os 28 professores aderiram à paralisação. Lá, o problema não se resume ao piso salarial. A unidade tem falhas estruturais, como fiação exposta nas salas de aula. No Recife, o sindicato dos docentes calculou em 90% a adesão, mesmo índice informado pelo sindicato de Olinda. “Estamos desmotivados e não recebemos o piso”, afirmou a professora Nilma Gonçalves, que ganha menos de R$ 2 mil trabalhando nas redes de Paulista e Abreu e Lima, no Grande Recife. A prefeitura das duas cidades garante que o piso é pago.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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