quinta-feira, 15 de março de 2012

Greve paralisa construção da usina hidrelétrica de Jirau

Emprego na indústria recuou 0,3% em janeiro. Resultado refletiu produção fraca, segundo o IBGE

Danilo Fariello e Marcio Beck

BRASÍLIA e RIO. O acordo assinado entre governo, centrais sindicais e empreiteiras no início deste mês não conseguiu evitar que uma greve paralisasse ontem a construção da usina hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho (RO), envolvendo mais de 15 mil trabalhadores. Funcionários da Enesa Engenharia, responsável por montar geradores de energia para o canteiro de obras, bloquearam ontem a entrada principal do canteiro.

Problemas em Jirau - onde houve conflitos violentos em 2010 - foram a principal motivação para a negociação de mais de um ano que levou ao compromisso nacional da construção civil, firmado no dia 1, em que 12 empresas indicaram por onde começariam a adotar procedimentos para aperfeiçoar as condições de trabalho. Jirau é uma delas.

A greve surpreendeu o governo, que deve acelerar a instalação das comissões de trabalhadores que terão representatividade para negociar nas obras, como previsto no compromisso.

Funcionários de empresas subcontratadas não estão, de início, incluídos no compromisso assinado em Brasília, mas é missão de sindicatos e empresas incluí-los, conforme o acordo.

A Camargo Corrêa, responsável pelas obras em Jirau, diz que a Enesa foi contratada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil, o que acrescenta novo complicador nas negociações, porque não se trata de subcontratada, mas de outra empresa na obra, sem abrangência prevista no compromisso e sem igual representação sindical.

A construção da usina termelétrica de Pecém (CE), outra obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como Jirau, enfrenta greve desde segunda-feira. Os grevistas reivindicam melhores salários pagos pelo Consórcio Mabe, empresa subcontratada pelos grupos responsáveis pelo empreendimento MPX e EDP. A obra, com mais de 5 mil funcionários, já enfrentou outras greves e teve a data de conclusão prorrogada para 2012.

Segundo dados divulgados ontem da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) pelo IBGE, o emprego na indústria caiu 0,3% em janeiro frente ao mês anterior. Sobre igual mês de 2011, o recuo foi de 0,5% - a quarta taxa negativa consecutiva. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa avançou 0,8% em janeiro de 2012, abaixo de fevereiro de 2011 (3,9%). As principais variações negativas frente a janeiro de 2011 foram nos setores de calçados e couro (-8,6%), vestuário (-5,3%), produtos de metal (-4,9%) e borracha e plástico (-4,8%). Segundo o coordenador de pesquisas de indústria do IBGE, André Macedo, os números refletem menor dinamismo no setor.

FONTE: O GLOBO

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