Valdo Cruz, Gabriela Guerreiro
BRASÍLIA - Na tentativa de evitar novas derrotas no Congresso, a presidente Dilma Rousseff decidiu suspender as votações polêmicas para o governo até pacificar a sua relação com os partidos aliados.
A presidente quer retomar o diálogo com sua base de apoio e atender às principais demandas, especialmente do PMDB, antes de incluir projetos de interesse direto do governo na pauta.
A ordem no Planalto é, por exemplo, não colocar o Código Florestal em votação na Câmara enquanto persistir a crise. Dilma não tem pressa na votação do código e determinou aos líderes governistas que mantenham a votação em suspenso até um acordo seguro com a base aliada.
A crise ganhou força na semana passada, depois que o Senado rejeitou a indicação de Bernardo Figueiredo para a diretoria-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
A presidente quer transformar sua ida ao Senado na terça, sessão em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, quando recebe o prêmio Bertha Lutz, num gesto político.
Sem o hábito de participar de cerimônias no Legislativo, a visita ocorre no momento em que o governo tenta ampliar o diálogo com os seus principais aliados.
Em conversas com interlocutores, Dilma avaliou que o momento não é de crise, mas de "turbulência" política. O governo teria entendido o recado do Senado, não pretende retaliar sua base de apoio, mas espera não ser derrotado em matérias que considera essenciais para o país.
Apesar de estar decidida a liberar emendas para apaziguar a base, Dilma determinou que o destino dos recursos seja orientado pelo governo.
Rebelião
A exemplo de Dilma, o vice-presidente Michel Temer negou anteontem que haja uma rebelião na base ao defender a acomodação entre o PT e o PMDB. "A relação vai bem. Não há coisa grave. Há queixas naturais, uma ou outra, que vão sendo acomodadas. Eu patrocino muito essa acomodação", disse o peemedebista à Folha em Cambridge, Estados Unidos.
No primeiro gesto para reconstruir pontes com os aliados, Dilma telefonou para um grupo de senadores -entre eles José Sarney (PMDB-AP), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Gim Argello (PTB-DF).
Preocupada com a votação do projeto que cria o fundo de previdência dos servidores, o Funpresp, no Senado, a presidente determinou à coordenação política que amplie o diálogo com a base.
O Planalto quer atenção especial com a bancada do PMDB no Senado, rachada desde o ano passado.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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