sábado, 3 de março de 2012

Paes concentra ataques em Padilha

"Será que ele não entendeu ainda que representa um governo de continuidade?"

Carolina Benevides

"Será que ele (o ministro da Saúde, Alexandre Padilha) estava querendo fazer um recorte do que herdou como situação da saúde no Brasil? Ou será que não entendeu ainda que representa um governo de continuidade?", disse ontem o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB-RJ), que faz parte da base aliada do governo federal, mas afirmou estar indignado com o fato de o Rio ter sido classificado como a pior cidade do país, entre as maiores, na pesquisa divulgada anteontem pelo Ministério da Saúde, que avaliou o serviço do SUS no Brasil. A nota do Rio foi 4,33, e a média nacional ficou em 5,47.

- O que me causa indignação é que o ministro, desde sua primeira coletiva, e eu não me sinto confortado, já fica explicando que, se fosse levado em consideração 2011, o Rio estaria acima da média nacional. Então, por que não divulga os dados inteiros? Ou será que ele estava querendo fazer um recorte do que herdou como situação da saúde no Brasil? Ou será que não entendeu ainda que representa um governo de continuidade?

De acordo com Paes, o DataSus, sistema do governo federal que reúne informações sobre Saúde de todos os municípios do país, já está atualizado com dados de 2011 e aponta "um avanço no Rio". Mas, segundo ele, as melhorias não podem ser creditadas ao ministro da Saúde.

- A única coisa que aconteceu com o Rio em 2011 foi ter perdido recursos do governo federal. Então, quero dizer uma coisa claramente: todos os avanços de 2011 não devem ser creditados na conta desse ministro. O ministro Temporão (José Gomes Temporão, ministro da Saúde no governo Lula), sim, aumentou, em 2010, em R$ 100 milhões o recurso que a gente recebe do governo federal. Ano passado, diminuiu. Quando ele (Padilha) lá na frente levantar o triênio dele, não botem na conta desse ministério os benefícios que são feitos na cidade do Rio neste momento. O presidente Lula e a presidenta Dilma me permitiram, com recursos para outras obras, colocar tanto dinheiro na Saúde. Estou sendo muito específico, falando dessa irresponsabilidade do ministério e do ministro - disse Paes, que completou: - Tenho com o governo federal um trabalho de parceria permanente. A única área em que não tenho para mostrar é na Saúde em 2011. Então, esse ministro não tem autoridade moral para vir aqui fazer avaliação do trabalho da prefeitura com dados não atualizados.

Um levantamento feito pela prefeitura mostrou que o município investe 25% do orçamento em Saúde - R$ 4 bilhões em 2012 - e que os repasses do ministério caíram em 2011, em relação a 2010. Foi R$ 1.086 bilhão em 2010 e R$ 1,072 bilhão em 2011.

- Foram menos R$ 14 milhões. Eu não estou contestando os problemas. Acho que (a Saúde) não é boa, mas melhorou. Então, eu fico imaginando quantos gestores incompetentes receberam um prêmio do ministro e quantos prefeitos responsáveis estão aí com a cara de trouxa feito eu.

Após a divulgação da pesquisa - que analisou a situação de todos os municípios do país no mesmo período -, o prefeito fez um levantamento dos dados de 2011:

- Dane-se que o ministro fez (uso dos mesmos critérios) em outros lugares. Muitos outros devem ter sido injustiçados como eu fui. Em 2008, a cobertura do Saúde da Família era de 3,5%. Em 2011, 27,4%. Aumentaram no Brasil, nos últimos três anos, 803 equipes de Saúde da Família. E dessas, 437 no Rio. Quero ser avaliado e responsabilizado, não quero dividir culpa com ninguém. Mas quero ser avaliado pelo que já fiz. Essa pecha de que não avancei na Saúde, eu não vou levar.

Padilha não quis comentar.

FONTE: O GLOBO

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