O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi destituído do cargo.
No posto desde a gestão FHC, Juca foi apontado como um dos mentores da operação orquestrada pelo PMDB, na semana passada, que causou a primeira derrota de Dilma no plenário.
Crise na base derruba "eterno" líder do governo no Senado
Após traição de aliados, Jucá deixa cargo que ocupou para FHC, Lula e Dilma
Eduardo Braga assume com missão de pacificar senadores; líder na Câmara, Vaccarezza também deve cair
BRASÍLIA - A rebelião da base aliada, insatisfeita com o Palácio do Planalto, fez ontem a sua primeira vítima: o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi destituído. Ele dará lugar ao senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
A crise também deve derrubar o líder na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que sofre processo de desgaste desde o ano passado. Ele foi convocado para uma reunião hoje de manhã com a presidente Dilma Rousseff.
Conhecido entre colegas como "eterno" líder no Senado, Jucá exerceu a função nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma.
Entre idas e vindas, ocupava o cargo havia 13 anos. Iniciou a última passagem em 2006, ainda durante o primeiro mandato de Lula.
Ontem à noite, a assessoria do senador publicou no Twitter que ele continuava no posto "até o momento", mas sua queda era dada como certa por integrantes do governo.
Jucá perdeu apoio de Dilma na semana passada, quando ela sofreu sua primeira derrota no plenário do Senado: a derrubada de Bernardo Figueiredo do comando da ANTT, agência reguladora do setor de transportes.
Jucá foi apontado como um dos mentores da traição orquestrada pelo PMDB, que irritou a presidente.
Apesar de ser alertado por colegas sobre o risco de revés, o senador manteve a votação. Minutos depois, Dilma foi informada da traição da base.
O peemedebista ainda descumpriu orientação expressa do Planalto e retirou da pauta um projeto que a presidente pretendia sancionar hoje em visita ao Congresso, sobre os salários das mulheres.
A presidente anunciou a substituição em reunião ontem com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Eduardo Braga assumirá a vaga com a missão de ampliar a força do Planalto no Senado. Sua escolha atende ao grupo "independente" de senadores do PMDB, que reclamava da concentração de poder nas mãos de Jucá, de Renan e do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
Rodízio
Na versão oficial, o Planalto pretende fazer um "rodízio" na articulação política, o que alimentou os rumores sobre a queda de Vaccarezza.
A intenção do governo com as mudanças é fazer um acompanhamento mais rigoroso das votações e medir melhor o ânimo do Congresso para evitar novas surpresas.
Em 2011, os partidos aliados acumularam queixas da presidente. Ela foi criticada por vetar indicações políticas, restringir a liberação de emendas parlamentares e demitir aliados sob suspeita de irregularidades.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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