Agência O Globo
BRASÍLIA – No Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros estão céticos em relação à suposta pressão feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Gilmar Mendes para adiar o julgamento do mensalão. Entre os integrantes da Corte, paira a dúvida de que o diálogo, narrado por Gilmar à última edição da revista Veja, tenha mesmo existido. A interrogação ficou ainda maior quando o ex-ministro do STF, Nelson Jobim, desmentiu o ministro em entrevista à imprensa. Para o ministro Marco Aurélio Mello, o episódio, verdadeiro ou não, “mancha a reputação do tribunal”: “Isso deixa a instituição numa posição ruim. O leigo acha que estamos sujeitos a pressões e sugestões, e não estamos”.
Mas o ministro ainda não tem certeza se a conversa ocorreu ou não: “Ficou no ar um descompasso, porque o ministro Nelson Jobim negou peremptoriamente o teor do encontro. Com quem está a razão? Quem sou eu para dizer com quem está a verdade? Outra coisa que não fechou foi por que só agora veio à tona (o encontro)”, disse, referindo-se à data do encontro, em 26 de abril.
Outros ministros manifestaram reservadamente desconfiança em relação à narrativa de Gilmar. O presidente do tribunal, Carlos Ayres Britto, deu pouca importância para as dúvidas levantadas pelos colegas. Para ele, pouco importa saber se o episódio é verdadeiro ou não. Ele confirmou que, na semana passada, Gilmar contou-lhe a mesma história publicada na revista.
“Nós ministros do STF somos maiores, vacinados e experimentados no enfrentamento de todo tipo de questão. Por isso, não perderemos o foco, o eixo da nossa obrigação de decidir com objetividade, imparcialidade, independência e tecnicalidade. Esse episódio não interfere no nosso dever de julgar a questão como determina a lei: com foco na prova dos autos”, disse o presidente ao Globo
O ministro Carlos Ayres Britto, está aguardando apenas o voto do ministro revisor, Ricardo Lewandowski, para incluir o processo do mensalão na pauta de julgamentos. A expectativa é de que o voto fique pronto em meados de junho e o processo seja julgado em agosto, devido ao recesso da Corte em julho. “Na minha opinião, o que a sociedade quer, é compreensível: o julgamento do processo, sem predisposição seja para condenar seja para absolver. O processo tá maduro para ser julgado”, afirmou no evento.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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