Odair Cunha e o presidente da CPI, Vital do Rêgo, estão mal no ridículo não inquérito que comandam
Pssssss -ele entreabriu um olho, mas ainda não despertou. Diz agora o relator da CPI do Cachoeira que, "com base nas provas, aumentam os indícios e a probabilidade de nós quebrarmos o sigilo da Delta nacional".
Se o deputado Odair Cunha conhece "provas" que oferecem base à CPI, não se justifica que a investigação das relações entre a Delta Construções e Carlos Cachoeira sejam só "probabilidades" que apenas "aumentam", ainda.
Sobretudo porque os tais "indícios" são evidentes desde os primeiros vazamentos do caso -para quem não lhes fechou os olhos.
Odair Cunha e o presidente da CPI, Vital do Rêgo, estão mal no ridículo do não inquérito que comandam. Diante da sua insistência em restringir o interesse da CPI à Delta Centro-Oeste, como se sucursal ou subsidiária não se ligasse à matriz, é impossível não reconhecer a alternativa: ou Vital do Rêgo e Odair Cunha não têm o mínimo da capacidade requerida por sua tarefa ou ambos seguem orientações que se opõem à CPI e ao interesse público. Se partidárias ou particulares, seria outra questão.
A relação entre Carlos Cachoeira e a empreiteira Delta e seu "ex-dono", Fernando Cavendish, importa por ser uma oportunidade de desvendar as tramas que minaram numerosas concorrências do Dnit, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes; contratações de obras do PAC, do Minha Casa, Minha Vida, e por aí afora. Contratações não só da Delta, que fez o milagre de em pouco tempo estar repleta delas.
Três rápidos exemplos dessas operações constantes e, até hoje, incontroláveis.
Com a Delta no consórcio contratado (saiu há dias), a obra do Maracanã para a Copa e o seu preço andam de braços dados: ela está em torno da metade, ele já subiu 50%, de R$ 700 milhões a mais de R$ 1 bilhão.
Contratada há oito anos para a construção, na zona oeste do Rio, de um conjunto habitacional com infraestrutura completa, inclusive recuperação ambiental, a Delta recebeu o dinheiro, e a área não recebeu a obra. O Ministério Público estadual batalha para conquistar uma solução.
Por fim, as obras da Copa iam custar, ao que diziam Lula e ministros, a fábula de R$ 14 bilhões: o governo ontem já se referiu ao custo de R$ 27 bilhões.
As "probabilidades" do relator Odair Cunha, no entanto, não incluem chegar até tais inconveniências para a Delta Construções, seu "ex-dono" e vários dos seus contratantes.
Rápido
Nove dias úteis, no total de 13, bastaram à Câmara para dar por recebido o projeto 3.839 e, no nono dia (terça passada), conceder-lhe regime de urgência e aprová-lo -sem os votos apenas do PSOL.
O Senado o espera já com o mesmo acordo de todos os partidos e a mesma exceção.
Estará então aprovado pelo Congresso o direito de candidatar-se dos que, por terem contas de campanha reprovadas ou pendentes, o Supremo Tribunal Federal vetara.
O projeto é do deputado goiano Roberto Balestra. Goiás está mesmo encachoeirada.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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