Mundo espera estupefato decisões de Alemanha e Grécia, que podem causar desastre como o de 2008
O mundo da finança e os os governos mais relevantes do mundo estão estupefatos e quase paralisados devido às incógnitas europeias:
1) O que será da política da Grécia (se o país sai ou não do euro depois da votação do dia 17 de junho);
2) Se bancos europeus vão falir;
3) O que a Alemanha vai fazer em relação aos pontos 1 e 2.
Sim, outra vez parece difícil acreditar que a política grega ameace tamanho descalabro. Mas, sim, a Grécia é outra vez a gota d"água que pode estourar a represa da crise financeira que vem desde 2008.
A vitória dos partidos contrários ao acordo greco-europeu na eleição da Grécia tende a provocar:
1) Recusa grega de continuar o arrocho exigido pela União Europeia;
2) Com a recusa, a Grécia fica sem os empréstimos europeus;
3) Em seguida, o governo dá o calote, sai do euro e imprime seu dinheiro a fim de pagar suas contas;
4) Bancos e empresas quebram em massa, o governo confisca os euros, a Grécia entra em depressão;
5) O mero risco de que outros países frágeis da Europa sigam o "exemplo de Atenas" causa danos a bancos e às economias desses países, que mimetizam por contágio o efeitos de uma saída do euro;
6) Os calotes e quebras bancárias causam pânico, secando o mercado de crédito no mundo inteiro.
Apenas a probabilidade de vitória dos partidos antiacordo greco-europeu pode antecipar tal cadeia de eventos (com medo de perder seus euros e da quebra bancária, gregos e europeus de países frágeis correm para sacar dinheiro de seus bancos, levando-os à lona).
A Alemanha é o líder econômico da Europa. Opõe-se à revisão dos acordos que arrocham as economias do continente. Opõe-se à emissão de dívida europeia (bancada por todos os países, em especial pela Alemanha mesmo): que a União Europeia se endivide a fim de bancar países quebrados ou semiquebrados.
Por ora, a Alemanha não oferece nada para aplacar a ira sociopolítica crescente nos países arrochados. A Alemanha, como o faz desde 2009, início da crise grega, espera até o último minuto antes de fazer concessões. De início, não admitia nem que haveria ajuda à Grécia. Quando o caldo engrossou, recuou, nisso e em tantas outras coisas.
O risco mais imediato agora é de agravamento da crise bancária. Talvez a Alemanha ceda para evitar esse problema: isto é, admita que o Banco Central Europeu empreste dinheiro para o fundo de socorro europeu para países quebrados, que então emprestaria dinheiro para os bancos no bico do corvo (mas não para governos semifalidos).
Isso não "resolveria" a crise, que seria apenas empurrada com a barriga, como ocorre desde 2009.
Enquanto não houver decisões alemãs (ou um resultado pró-Europa na eleição grega), o mundo fica em suspenso, à beira do pânico, do medo de uma crise semelhante à que explodiu em 2008. Os investimentos produtivos ficam na gaveta, o crédito mundial vai ficando difícil, o dinheiro sai de ativos de risco (Bolsas, ativos de "países emergentes", commodities etc.). Os governos do planeta se preparam para o pior.
Apenas o medo desses desastres causa os pânicos destes dias, que já provocam por si só uma crise. O mundo, o Brasil inclusive, virou espectador involuntário, mas atento, desse coliseu de horror da finança.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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