Quando a política se une ao marketing é raro haver coincidências. A presidente Dilma Rousseff escolheu a próxima quarta-feira, dia 16, para dar posse aos integrantes da Comissão da Verdade. É nessa mesma data que entra em vigor a Lei de Acesso à Informação.
Não está claro se a Comissão da Verdade será capaz de cumprir sua missão. Há também mais dúvidas do que certezas sobre a Lei de Acesso. Mas, no dia 16, o governo baterá bumbo. Anunciará um Brasil novo, aberto e transparente.
Ontem, em Minas Gerais, Dilma desviou-se do cerco de sua segurança e foi cumprimentar manifestantes ambientalistas que pediam a ela o veto integral do Código Florestal aprovado pelo Congresso.
Nas últimas semanas, depois de malhar sem dó (e com razão) os bancos privados pelos altos juros cobrados, Dilma anunciou uma mudança nas regras das cadernetas de poupança. Quebrou um tabu que persistia há décadas. A estratégia deve ter custo zero para sua popularidade.
Aos poucos, Dilma constrói uma imagem sólida sobre suas convicções. Amanhã, Dia das Mães, ela anunciará mais um programa social -destinado a famílias com filhos pequenos.
A oposição enxergará, com razão, marketing em todas essas ações presidenciais. O Planalto negará, sempre. Mas, e se houver marketing? O problema central não é este, até porque há anos o Brasil não tinha uma presidente que falasse tão pouco -basta lembrar de Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula.
Dilma está fazendo apostas relevantes. Será julgada pelos resultados de suas promessas. Se a Comissão da Verdade conseguir passar a limpo a história recente do Brasil, o ganho institucional será enorme. Se a Lei de Acesso entrar em vigor para valer, idem.
Por enquanto, apesar do marketing, só é possível dizer que Dilma opera com mais destreza do que a oposição desejaria.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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