Governador costura acordos com partidos na corrida à prefeitura pensando em 2014
Para reduzir peso de Kassab na campanha do PSDB, Alckmin oferece cargos e contraria o próprio grupo político
Daniela Lima
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), assumiu nos últimos meses posição chave na campanha do candidato dos tucanos à Prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra.
Alckmin tornou-se o principal avalista dos acordos fechados com os partidos que apoiam Serra, oferecendo cargos no governo e contrariando interesses de seu grupo político para atender às demandas do candidato.
Seu empenho na campanha de Serra tem duas razões principais. Em 2014, quando deverá concorrer à reeleição, o governador quer manter a seu lado os partidos que estão com Serra agora.
O outro motivo é que o governador quer reduzir a influência do prefeito Gilberto Kassab (PSD) na campanha tucana. Kassab é um dos principais aliados de Serra, mas é visto por Alckmin como um potencial rival em 2014.
A lista de concessões em nome da candidatura de Serra é grande. A palavra de Alckmin foi decisiva para que o PR declarasse apoio ao tucano na última segunda-feira. O governador prometeu ajudar o partido em outras cidades e se comprometeu a apoiar projetos de interesse da sigla no interior.
Na próxima semana, será a vez do PP do deputado Paulo Maluf entrar na caravana de Serra. Alckmin negociou os termos do acordo com Maluf, que no ano passado ganhou de Alckmin o controle da CDHU, a companhia estadual de habitação popular.
Para fechar o acordo pró-Serra, prometeu a Maluf ampliar seu espaço no governo depois da eleição. Em outra frente, serristas acenaram com a possibilidade de entregar ao PP a Secretaria Municipal de Habitação se os tucanos voltarem à prefeitura.
O governador destacou um de seus principais operadores políticos, Edson Aparecido, para ser o coordenador-geral da campanha de Serra e conciliar os interesses dos partidos aliados na difícil montagem da chapa de candidatos a vereador que será apresentada pelos tucanos.
O governador contrariou aliados em pelo menos dois momentos nos últimos meses para atender interesses de Serra. Primeiro, os chamados alckmistas, que compõem o núcleo de sua base política, foram enquadrados em fevereiro, quando Serra decidiu lançar a candidatura após meses de indefinição.
Alckmin mandou dois dirigentes do partido votarem a favor do adiamento das prévias convocadas pelo PSDB para escolher seu candidato, dando tempo para Serra acumular força.
Em abril, o governador interveio para que o partido abandonasse uma ação judicial que propunha a cassação dos mandatos de um grupo de vereadores que no ano passado saiu do PSDB para fortalecer o PSD, partido criado por Kassab.
Os seis vereadores ameaçados pela ação judicial faziam parte de uma ala do PSDB que apoiou a eleição de Kassab em 2008, quando Alckmin sofreu uma derrota ao concorrer à Prefeitura sem o apoio integral do seu partido.
Alckmin, que tomou o controle da máquina partidária depois de assumir o governo, foi um dos incentivadores da ação ano passado, mas mandou seus aliados recuarem a pedido de Serra, como mostra de boa vontade a Kassab.
O governador também atraiu o DEM para a campanha de Serra, o partido que mais sofreu baixas com a criação do PSD. Alckmin articulou um armistício entre as duas siglas, prometendo ajudar candidatos do partido em outras capitais. No ato em quea aliança foi selada, o governador foi apresentado como o "maior avalista" da união.
Na última segunda-feira, Alckmin foi ao evento em que os líderes do PR anunciaram apoio ao candidato tucano a pedido de Serra.
O governador sabia que o apoio do partido, principal alvo da "faxina" da presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes no ano passado, poderia produzir efeitos negativos para a imagem dos tucanos, mas optou por uma aparição relâmpago e discursou na reunião.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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