Há duas formas de construir um partido político no Brasil. Uma delas foi usada lá atrás pelo PT. Sindicalistas, universitários, acadêmicos e uma parte da Igreja Católica se juntaram e saíram pelo país buscando apoio.
Pode-se discordar do PT, mas é inegável que a sigla nasceu com uma base social sólida. Degradou-se depois? Aí é outra história.
A segunda maneira de montar um partido é a fórmula usada por quase todas as demais legendas. Arregimentam-se políticos com mandato, de prefeitos a governadores. Uma instituição religiosa ajuda. Coletam-se assinaturas. A maioria de quem assina nem sabe o que apoia. Nasce assim uma nova sigla.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, fez o PSD pela via tradicional. Há quem veja aí um defeito. Mas o problema está mais no modelo disponível a todos do que no ato em si.
Sem juízo de valor sobre o conteúdo da nova sigla, a operação de Kassab foi a mais bem-sucedida desde a criação do PSDB, no final da década de 80. Não se compara aqui o nível dos quadros cooptados por PSDB e PSD. Refiro-me à engenharia da construção da legenda.
O PSD é a quarta maior força na Câmara. Já conquistou o tempo de TV equivalente ao de um partido médio. Não perderá o benefício se alguns deputados e senadores desertarem agora. O cálculo da Justiça Eleitoral está feito.
Há na praça uma comparação derrogatória entre PMDB e PSD. A legenda de Kassab seria um PMDB em formação. Pode até vir a ser, mas no momento ainda não é.
Os peemedebistas vivem de núcleos regionais. O comando nacional não tem poder local. No PSD, manda Kassab, como se viu na recente intervenção em Belo Horizonte -ainda pendente na Justiça.
É claro que um partido só prospera no poder. As eleições deste ano e de 2014 testarão Kassab e seu PSD. E se o kassabismo tem futuro.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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