A estratégia do PSB de ganhar capilaridade nos municípios brasileiros tem como objetivo fortalecer a legenda para disputar, no futuro, a sucessão presidencial. A avaliação é do cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Marco Antônio Carvalho Teixeira, segundo o qual o partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pretende deixar de ser uma linha auxiliar do PT no cenário eleitoral. O analista político considera ainda que o crescimento do número de candidaturas do PSDB nas eleições municipais deste ano faz parte do projeto do partido de voltar a ser uma legenda de expressão nacional, o que deixou de ser nos últimos anos.
O GLOBO: Qual a estratégia do PSB em aumentar o número de candidaturas nas capitais estaduais?
MARCO ANTÔNIO TEIXEIRA: O PSB está tentando eliminar a visão de que é um ator coadjuvante no cenário eleitoral, uma linha auxiliar do PT. Ele vislumbra se consolidar como um partido forte. E o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tem também as suas ambições. Ele quer se consolidar como liderança nacional, possivelmente tornar-se candidato a vice na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. E para isso o PSB tem de sair mais fortalecido.
O PSB tem potencial de ameaçar a hegemonia do PMDB nos municípios?
TEIXEIRA: Não acredito. O PMDB é um partido já muito fortalecido, sobretudo nos municípios. O PSB é um partido mais urbano, que se concentra nas grandes capitais brasileiras. O PSB só tem presença no interior em Pernambuco e no Ceará, estados em que governa.
A política de alianças adotada pelo PT poderá enfraquecer o partido?
TEIXEIRA: Sim, poderá. O enfraquecimento se reflete, por exemplo, nas eleições municipais de São Paulo. A maior parte daquela que era a base aliada do PT migrou para outros partidos. A sigla conta em São Paulo, basicamente, com PCdoB e com PSB, que continua no governo de Gilberto Kassab.
A desidratação do DEM pode beneficiar o crescimento do PSDB nos municípios brasileiros?
TEIXEIRA: No geral, sim. Em Salvador, no entanto, prejudicou o PSDB, que teve de abrir mão da candidatura. Há ganhos nacionais, mas perdas locais. A eleição deste ano será a primeira do DEM depois da criação do PSD. É mais do que compreensível que o partido esteja enfraquecido e tenha menos capacidade de lançar candidatura próprias.
O tempo de TV concedido ao PSD pode influenciar no resultado das eleições?
TEIXEIRA: Não acredito. O máximo que pode influenciar é em maior palanque eletrônico para candidatos apoiados pelo PSD. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral fortaleceu o PSD dentro das coligações de que ele faz parte.
FONTE: O GLOBO
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