Em 10 das 17 maiores cidades do Estado, os dois principais partidos da frente que elegeu Eduardo se enfrentarão, mostrando que as divergências vão além do Recife
Ayrton Maciel
Se a divisão política na Frente Popular do Recife, gerada pelo lançamento de candidaturas próprias do PSB e do PT, pode levar a uma separação sem volta no pós-eleição de outubro – antecipando o confronto que era projetado para 2014 –, o cenário geral da disputa no Estado demonstra, todavia, que a tão ressaltada unidade entre petistas e socialistas na aliança governista não era tão sólida quanto os discursos garantiam. O racha pode, sim, segundo o quadro e conforme o clima do embate, evoluir para uma ruptura inconciliável dois anos antes dos pleitos para governador e presidente da República. Em dez de 17 das maiores cidades do Estado, segundo o site do TRE-PE, PSB e PT estão em palanques distintos, disputando direta ou indiretamente o poder político.
A menos de 60 dias para as eleições, e com os dois partidos tentando manter a aparência de uma disputa pacífica, as ferramentas para que a briga política descambe para um confronto de fato começam a ser armadas no palanque eleitoral. Com o candidato do PSB da Capital, Geraldo Julio, ascendente nas pesquisas, o governador Eduardo Campos – avalizador da candidatura e líder da aliança “rachada” – inicia uma peregrinação por municípios-chaves para o projeto de poder do PSB, em apoio a candidatos próprios ou coligados. O pontapé foi dado ontem, em Petrolina, Sertão, numa carreta com Fernando Filho (PSB).
A perspectiva é que o grau da temperatura política entre PT e PSB suba, mesmo que sejam sinceros os discursos em contrário. Há 15 dias, um episódio acendeu o sinal amarelo. Em Águas Belas, Agreste Setentrional, um confronto em praça pública entre militantes das candidaturas do PSB e do PT acabou transpondo os limites da cidade e chegou ao conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tribunal pediu, então, providências ao TRE, que através de sua corregedoria conseguiu firmar um pacto de conduta na cidade, evitando a intervenção da Justiça Eleitoral.
A expectativa está a postos. No levantamento sobre as 17 cidades, a constatação é que nos arranjos de alianças eleitorais da disputa pelo poder, os mais variados e incompreensíveis, PSB e PT disputam diretamente – com candidaturas próprias – no Recife, em Paulista e Camaragibe (Região Metropolitana), Petrolina (Sertão) e Surubim, (Agreste). Estão se confrontando, também, mas por coligações distintas, na cabeça de chapa ou não, pelas prefeituras de Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca (RMR), em Limoeiro (Agreste) e em Arcoverde e Serra Talhada, Sertões do Moxotó e Central. Juntos, mas não com unidade em todas, em Olinda e Cabo de Santo Agostinho (RMR), Palmares (Mata Sul), Caruaru, Garanhuns e Belo Jardim (Agreste), e em Salgueiro, no Sertão Central.
O curioso da disputa é que, em meio à salada de siglas, no interior as rusgas ideológicas passam distante do pragmatismo eleitoral. Um exemplo é Limoeiro (Agreste), onde o PT coligou-se ao PSDB, que tem o prefeito candidato à reeleição, outro é Paulista (RMR), onde o candidato do PSB tem o apoio do DEM. Em Petrolina, o PPS do antipetista deputado Roberto Freire (SP) está coligado ao PT, e em Arcoverde, o PTB reúne no palanque PT, DEM, PMDB e PSDB.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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