Valor corresponde à mão de obra ociosa na Refinaria Abreu e Lima e na PetroquímicaSuape nos dez dias de paralisação. Isso sem falar dos equipamentos parados e dos arranhões na imagem do Estado.
Greve já custa R$ 44 milhões
CONFLITO SINDICAL
Os 10 dias parados na refinaria e na petroquímica, envolvendo 51 mil operários, tiveram impacto financeiro na obra
Adriana Guarda
Quanto custa uma greve? E se a paralisação for numa obra gigante do tamanho da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e da PetroquímicaSuape, que abrigam, juntas, 51 mil trabalhadores (número maior que a população de um município como Bom Conselho, no Agreste)? Uma das brigas entre empregados e patrões é o desconto dos dias parados. A pedido do JC, o Sindicato das Empresas e Serviços Contábeis de Pernambuco (Sescap-PE) fez um cálculo do custo dessa mão de obra ociosa e chegou ao valor de R$ 44 milhões, em dez dias de greve.
“Se levarmos em conta o salário médio de R$ 1,5 mil dos profissionais da área de produção da obra, o pagamento por dez dias de salário, incluindo os encargos sociais seria de R$ 44 milhões”, diz o diretor do Sescap, José Campos. Para as empresas, abonar os dias parados significa mais do que o prejuízo financeiro. Os patrões temem abrir precedente para outros movimentos e transformar a concessão em regra.
O diretor regional do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos em Brasília, Francisco das Chagas Figueiredo, diz que além da mão de obra é preciso incluir na conta do prejuízo, o custo com equipamentos ociosos, o das construtoras para recuperar o atraso decorrente da paralisação (hora-extra, contratação adicional de pessoal), o da Petrobras por conta do atraso no início da operação do empreendimento e o custo financeiro decorrente do aumento do prazo para recuperação do capital investido. Alguns defendem que o valor pode chegar a R$ 25 milhões ao dia, se considerado o faturamento de grandes empresas.
A refinaria representa um investimento de US$ 20,1 bilhões. Desde setembro de 2005 quando começou a construção, o custo da obra já foi multiplicado por dez. O empreendimento também sofreu vários atrasos de cronograma. A primeira data de inauguração estava projetada para 2010 e o último prazo aponta para novembro de 2014. De acordo com o presidente da Rnest, Marcelino Guedes, a Petrobras desembolsa R$ 800 milhões por mês na execução da obra. Numa conta grosseira, dez dias de obra significa um investimento de R$ 266,6 milhões.
Os constantes pleitos de reajustes de salários, pagamento de benefícios e paralisações fazem com que as empreiteiras apresentem as planilhas à Petrobras e reivindiquem correções nos contratos. Tanto que o orçamento do saiu de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões. O atraso no cronograma exigiu o redimensionamento da mão de obra. A expectativa era de que no pico da construção o número de trabalhadores atingisse 28 mil. Hoje, já é de 44 mil.
Para além do prejuízo financeiro, a equação também precisa levar em conta as perdas intangíveis. Uma delas é para a imagem do Estado, que se transformou num dos maiores polos de atração de investimentos do País e também ganha fama por se transformar em campo de guerra.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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