PIB decepciona e cresce só 0,6% no 3º
tri
Serviços
ficam estagnados e investimentos têm tombo de 2%, derrubando previsões para o
ano para 1%
Cássia
Almeida, Lucianne Carneiro e Carolina Jardim
A
SURPRESA DO PIBINHO
A
esperada recuperação da economia brasileira no terceiro trimestre não veio. O
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços
produzidos no país) foi de 0,6% no período, frente ao segundo trimestre, taxa
que é metade do que os analistas de mercado previam. Ficou praticamente
impossível alcançar expansão superior a 1% este ano. No segundo trimestre, a
alta do PIB fora de 0,2%. Com isso, a economia caminha para fechar o ano no
pior resultado desde a recessão de 2009, quando o PIB caiu 0,3%.
A
estagnação do setor de serviços, que responde por 67% da atividade econômica,
surpreendeu. A previsão era que o setor tivesse avanço de 1%. Frente ao
terceiro trimestre de 2011, a alta foi de 0,9%. No ano, o país só cresceu 0,7%
e, nos últimos quatro trimestres, 0,9%, informou ontem o IBGE.
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O setor de serviços foi afetado pela queda na intermediação financeira (de 1,3%
frente ao segundo trimestre), causada pela inadimplência recorde, com o aumento
da provisão dos bancos e uma queda importante do spread (diferença entre os
juros pagos e os cobrados pelos bancos nas operações de crédito e da Taxa Selic
(taxa básica de juros). Houve também queda nos transportes - disse Rebeca
Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais.
A
queda de 6,5% nas importações e um leve avanço de 0,2% nas exportações ajudaram
o PIB. Do ponto de vista contábil, um recuo nas importações leva a um aumento
do PIB, porque significa que o país está produzindo mais internamente. A
contribuição externa respondeu por quase metade da alta de 0,9% do PIB frente
ao terceiro trimestre do ano passado:
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A contribuição externa salvou um pouco o resultado no trimestre. No período
anterior, a contribuição havia sido negativa no mesmo montante - afirmou o
economista Leonardo Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea).
A
coordenadora técnica do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia
(Ibre/FGV), Silvia Matos, vê um desafio para o governo:
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É um desafio o fato de, apesar de todos os estímulos, termos um crescimento tão
fraco. O problema do Brasil é que há restrições de oferta.
Pelo
lado da demanda, os investimentos decepcionaram e caíram 2%, tombo muito maior
do que o previsto. Foi a quinta redução consecutiva na formação bruta de
capital fixo, termômetro dos investimentos. Assim, a parcela do PIB destinada a
aumentar a capacidade produtiva do país desabou de 20% no terceiro trimestre de
2011 para 18,7% agora, menor taxa desde 2007.
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O mundo está ruim, as soluções apresentadas aqui dentro estão trazendo
volatilidade. A maneira de o empresário reagir a isso é não fazer nada -
afirmou Fernando Montero, economista-chefe da Convenção Corretora.
Indústria
e consumo em alta
A
indústria, porém, teve recuperação. A isenção do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para carros fez o setor aumentar a produção em 1,1% ante
o segundo trimestre. O consumo das famílias também aumentou acima da média da
economia: 0,9%.
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Pode haver redução na demanda por mão de obra nos serviços, diminuindo a
pressão salarial para a indústria, que pode voltar a se expandir e aumentar
margem, voltando a investir - afirmou Paulo Levy, do Ipea.
No
trimestre, a economia brasileira somou R$ 1,098,3 trilhões.
Fonte:
O Globo
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