Semanas antes de
deflagrarem a Operação Porto Seguro, policiais federais estiveram com Rosemary
Noronha na sede da Presidência em São Paulo para discutir a onda de violência
no Estado. Mas o objetivo do encontro, informa Fernando Mello, era planejar a
busca feita no local, que teve como alvo a própria Rosemary.
PF planejou operação
dentro da sala de ex-assessora em SP
Antes da ação, agentes foram ao prédio para discutir "violência no
Estado"
Rosemary começou a trabalhar no gabinete da avenida Paulista em 2003, como
assessora especial da Presidência
Fernando Mello
BRASÍLIA - Os menos de dez minutos entre a chegada ao prédio na av. Paulista
e a subida ao 17º andar foram suficientes para dar início ao plano de ação.
A partir dos dados levantados foram definidos qual dos quatro elevadores que
servem do 3º ao 19º andar seria usado, como lidar com a segurança local e quais
salas seriam vasculhadas em busca de computadores e papéis.
Três semanas antes da deflagração da Operação Porto Seguro, policiais
federais estiveram na sede da Presidência em São Paulo. No último dia 23, esse
foi um dos pontos de busca e apreensão feitas pela PF, cujo alvo foi Rosemary
Noronha, então chefe de gabinete da Presidência.
No começo de novembro, no entanto, o motivo oficial da visita dos policiais
à sede da Presidência em São Paulo era outro: uma reunião para discutir a onda
de violência no Estado. Quem recebeu os delegados foi justamente Rose, como ela
se apresentou.
A agenda com os temas de segurança pública transcorreu normalmente. Mas os
policiais usaram o encontro para levantar dados e programar a busca e
apreensão.
A operação ainda era sigilosa mesmo dentro da PF. Ela era tocada pelo Núcleo
de Inteligência, que tem interlocução direta com a Diretoria de Inteligência em
Brasília.
Poucas pessoas dentro da PF sabiam do caso. O momento da deflagração teria
de ser negociado com o Ministério Público Federal e aprovado pela Justiça,
levando em conta a possibilidade de fugas ou o vazamento de informações.
A ação de busca que se aproximava gerou uma certa tensão entre os
investigadores, por conta do aparato de segurança na sede da Presidência em São
Paulo.
Os policiais queriam conhecer o local para evitar um confronto com agentes
do Gabinete de Segurança Institucional ou com seguranças do prédio do Banco do
Brasil.
Também queriam impedir escândalos ou discussões burocráticas na entrada no
prédio, já que portariam um mandado judicial.
Rose começou a trabalhar no prédio da Paulista no início do governo Lula.
Ela foi nomeada em 2003 para o cargo de assessora especial no gabinete pessoal
do presidente.
O ato de nomeação foi assinado pelo então ministro da Casa Civil, José
Dirceu, e continha a nomeação de outro petista, José Carlos Espinoza, mais
tarde implicado no caso do dossiê dos aloprados.
Rose foi nomeada chefe de gabinete em abril de 2007 e ficou no cargo até a deflagração
da Porto Seguro. Ela foi indiciada pela PF acusada de corrupção, tráfico de
influência e falsidade ideológica.
A PF já havia gravado Rose usando telefones oficiais da Presidência em 2004.
Entre 2003 e 2005, a PF de São Paulo investigou um grupo de policiais federais
e agentes da Receita acusados de contrabando em Cumbica.
Chamada Operação Overbox, começou em junho de 2003 a partir de representação
do delegado Roberto Troncon Filho, então delegado-chefe do aeroporto e hoje
superintendente em SP.
Rose foi gravada como interlocutora de um dos investigados. Na Overbox, ela
não foi alvo da PF e nem indiciada. Numa das escutas, a PF anotou que o
telefone usado por Rose era do gabinete da Presidência na av. Paulista.
Fonte: Folha de S. Paulo
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