Na avaliação do tucano, Casa não possui candidaturas competitivas para disputar com pemedebista
Ricardo Brito
BRASÍLIA - Um dos principais defensores da cassação de Renan Calheiros da presidência do Senado em 2007, o ex-líder do PSDB e atual prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio, cobrou nesta terça-feira, 29, que os senadores expliquem para a opinião pública por que apoiam a volta do peemedebista para o comando da Casa. De passagem por Brasília, onde participou do Encontro Nacional de Novos Prefeitos e Prefeitas, Arthur Virgílio disse que Renan Calheiros é o "menos culpado" e não se elegeria se não tivesse apoio dos pares. A eleição, em votação secreta, está marcada para sexta-feira.
"Para ser bem franco, nessa história da volta Renan, ele é o menos culpado nessa história. Você não consegue ir para lugar nenhum se você não tiver apoio. É fundamental procurar saber as razões do apoio a ele, as razões porque tanta gente o apoia. Se ele não tivesse ninguém, se estivesse sozinho, nós não estaríamos discutindo isso agora. Estamos discutindo porque ele não está só e porque demonstra que não se conseguiu lançar uma candidatura competitiva para enfrentá-lo", afirmou.
Sem se referir diretamente às candidaturas avulsas de Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT), o tucano se disse "fatigado" do lançamento de nomes apenas para marcar posição e garantir visibilidade política. Ele pediu ainda o lançamento de uma candidatura competitiva para concorrer com o do líder do PMDB.
O prefeito de Manaus elogiou a posição do senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do partido à Presidência da República, que defendeu que Renan Calheiros desista de presidir novamente o Senado. "Considero que o senador Aécio Neves agiu de maneira correta, como líder que aceita riscos", afirmou. "A liderança impõe riscos, atitudes que às vezes são de ruptura. Confesso que foi uma atitude bastante corajosa, bastante oportuna", destacou.
O tucano afirmou que, na ocasião dos processos de quebra de decoro contra Renan Calheiros, defendeu publicamente sua cassação. Sua posição, disse, levou-o a uma série de "confusões" e até se separar do peemedebista no plano pessoal. "Tivemos momentos de muita tensão, muita tensão mesmo", afirmou Virgílio.
Em 2009, em meio ao escândalo dos atos secretos revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo, que quase levou à queda do atual presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) os peemedebistas, liderados por Renan Calheiros, pediram a cassação de Arthur Virgílio, acusado de, entre outros assuntos, ter mantido um assessor no exterior durante dois anos com recursos pagos pela Casa. A representação contra o tucano foi arquivada pelo Conselho de Ética posteriormente.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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