Caio Junqueira
BRASÍLIA - O PT começa a dar sinais de desesperança na aprovação da reforma política neste ano e a adequar a sua agenda legislativa aos temas que os prováveis adversários da sucessão presidencial de 2014 têm defendido.
Casos da recuperação da economia, assunto que vem sendo colocado pelo governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos; e a rediscussão do pacto federativo, tema frequentemente abordado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Hoje, a bancada do PT na Câmara dos Deputados reúne-se às 15h para estruturar sua agenda legislativa para este ano. Ambos os temas devem assumir a ponta do discurso petista. "Queremos uma visão para além da reforma política. É preciso trazer a pauta econômica para a bancada, discutir as questões que envolvem os Estados e os municípios", disse o líder do PT, José Guimarães (CE).
A mais recente versão da reforma política foi elaborada pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), que não conseguiu apoio na Casa para que ela seja levada a plenário. Ela se baseia no financiamento público de campanha e em um sistema belga de votação, que junta voto em lista e voto em um candidato.
O PT considera o atual sistema político viciado e atribui parte de seus problemas no julgamento do mensalão a ele. Mas como cada parlamentar tem uma visão diferente de um sistema ideal, a formação de uma maioria em torno de um tema é difícil. Por essa razão, pode ser prejudicial centrar esforços nesta reforma enquanto outros grupos políticos discutem temas que afetam mais diretamente a vida das pessoas.
Na reunião de hoje, também será reafirmado o apoio dos deputados petistas à candidatura do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a presidente da Câmara. O partido avalia que as denúncias contra Alves foram insuficientes para abalar sua candidatura, sustentada por 16 partidos. Acredita ainda que as candidaturas adversárias, de Júlio Delgado (PSB-MG) e de Rose de Freitas (PMDB-ES) ameaçam mais o projeto de poder petista do que a de Alves.
O PT também abre hoje a temporada de disputa dos espaços que faltam ser ocupados na Casa. Escolherá o nome que ocupará a segunda vaga a que o partido tem direito na Mesa Diretora da Casa. Três nomes reivindicam o posto: Amauri Teixeira (BA), Antonio Carlos Biffi (MS) e José Airton (CE). Biffi é o favorito.
Embora integre uma corrente minoritária chamada Movimento PT, há um acordo com a majoritária Construindo Um novo Brasil (CNB) decorrente da disputa entre André Vargas (PR) e Paulo Teixeira (SP) pela indicação do nome do partido para a vice-presidência. Na disputa interna em dezembro, integrantes do Movimento PT apoiaram Vargas, da CNB, contra Teixeira, da Mensagem ao Partido. O paranaense venceu por 48 a 37.
Petistas contrariados com o acordo apontam que o nome de Biffi pode prejudicar a imagem do partido, uma vez que ele foi réu em uma denúncia formulada pelo Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul que o aponta como integrante de um esquema de pagamento de mensalão no governo de Zeca do PT.
Uma outra disputa já em curso nos bastidores do partido é pela presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Três nomes são cotados: José Mentor (SP), Nelson Pelegrino (BA) e Vicente Cândido (SP). A tendência, nesse caso, porém, é que haja acordo e a decisão não vá a voto.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário