Reunião de cúpula do partido ignora denúncias e reitera "única" candidatura. Simon, do PMDB, nega chances de vencer
Rafael Abrantes
Os dois principais nomes do PMDB especulados como alternativas à candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à Presidência do Senado estão fora do páreo in¬terno para a eleição em Plenário, marcada para sexta-feira (1°/2). Pedro Simon (RS) e Luiz Henrique (SC) foram citados por aliados e dissidentes do grupo de Calheiros como candidatos "ideais" capazes de alcançar consenso entre os 81 parlamentares da Casa.
Mas o próprio Simon já retirou seu nome da disputa. "Não me coloco na disputa. Minha candidatura não tem chance de ganhar", afirmou o senador gaúcho ao BrasilEconômico, ontem. Segundo ele, os oposicionistas Randolfe Rodrigues (PSOL) e Pedro Taques (PDT) são "ótimos" candidatos, "mas não têm chances (de vitória) apenas como oposição". "Nem eles, ou o Jarbas (Vasconcelos, também do PMDB)", completa.
Para Simon, a "única" chance de evitar um segundo mandato de Calheiros como presidente da Mesa do Senado em meio a denúncias de corrupção seria justa¬mente com a substituição da candidatura do senador alagoano pela de Henrique. "Ele tem o apoio de todo o Senado e a simpatia da presidente Dilma (Rousseff). Seria espetacular", ressalta Simon.
O ex-governador de Santa Catarina, no entanto, está doente e volta à Brasília apenas depois do Carnaval devido à uma úlcera no globo ocular. Calheiros, por sua vez, segue como o "único" candidato do PMDB ao comando do Senado, segundo o presidente da legenda, senador Valdir Rau- pp (RO). Ambos reuniram-se ontem à tarde com a cúpula do partido, em Brasília, com a presença de Sarney e do vice-presidente Michel Temer.
Segundo interlocutores, o encontro postergou para amanhã uma decisão sobre quem serão os líderes da bancada e do Bloco da Maioria (PMDB, PP e PV) no Senado. Dúvidas sobre a manutenção da candidatura de Henrique Eduardo Alves (RN) — outro peemedebista citado recente¬mente em denúncias de corrupção — à Presidência da Câmara também foram retiradas.
Enquanto parlamentares contrários a Calheiros afinam o discurso e correm atrás de apoio, Calheiros tem evitado dar novas declarações públicas. A última denúncia sobre o senador chegou, na última sexta-feira (25), ao Supremo Tribunal Federal (STF). O documento foi enviado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e acusa Calheiros de ter apresentado notas fiscais frias para negar o pagamento de contas pessoais por um lobista, em 2007. O caso o fez renunciar à Presidência do Senado a fim de evitar sua cassação (leia mais abaixo).
Do lado da bancada de oposição, os senadores tucanos Aécio Neves (MG), Aloysio Nunes (SP) e Álvaro Dias (PR) conversaram ontem com Taques e teriam expressado a "possibilidade" de apoiá-lo no próximo dia 1°. A posição dos tucanos, contudo, só deve ser definida — em bloco — entre hoje e amanhã. Líderes do partido, cuja bancada soma dez senadores, já haviam afirmado que seus votos seriam favoráveis a Calheiros. Anteontem, porém, Aécio defendeu a retirada da candidatura do peemedebista.
Segundo Taques, ele e Randolfe decidirão hoje se mantêm duas candidaturas de oposição ou se optam por uma chapa única. "Quando sentirmos que a candidatura unificada é melhor para nossas proposições vamos lançá- la", afirmou Randolfe, que admitiu desistir da disputa no caso da entrada de Simon. "Não estou preocupado com número de votos. Quero o debate, pois não é possível o Senado ter apenas um candidato", completa Taques.
Fonte: Brasil Econômico
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