“Eu lamento a posição atual do PT, porque é um partido no qual depositamos muitas esperanças. Eu nunca fui daqueles que, pelo fato de ter sido do PC, apostavam no fracasso do PT. Agora, eu sinto uma tendência no PT de ser exclusivista, de se condenar ao gueto político, de querer se distanciar do universo das forças democráticas, de não ser uma parte ativa e um elemento propulsor destas forças. Mas acho que eles já começam a ver isso, também. Há uma contradição, hoje, no PT, muita discussão. Pelo que se nota, inclusive na imprensa, a questão da democracia também começa a preocupar o PT. O livro do professor Francisco Welffort, por exemplo, sobre democracia, tem muito dessas idéias que eu procurei defender aqui. Então, neste momento, muita gente do PT tem noção disso. No entanto, também há correntes que pensam o contrário, correntes radicais, dogmáticas, ortodoxas, que forçam muito o partido a essa posição excludente e exclusivista, a esta posição de querer ser sempre o diferente: uma posição que privilegia a democracia social em detrimento da democracia política, ou melhor, que ignora o nexo dialético entre uma e outra.”
Entrevista de Armênio Guedes à Revista Socialismo e Democracia, nº6, ano 2, 1985. São Paulo: Editora Alfa Ômega.
Fonte: O marxismo político de Armênio Guedes, eds. Contraponto e Fundação Astrojildo Pereira, Rio de Janeiro/Brasilia, 2012.
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