Paulo de Tarso Lyra, Karla Correia e Guillermo Antonioli
BRASÍLIA e FORTALEZA — No dia mais agudo da disputa pelas candidaturas governistas à Presidência em 2014, o PT promoveu um seminário em Fortaleza para exaltar as realizações da legenda na área social, a presidente Dilma Rousseff recebeu em Brasília os novos líderes do PMDB no Congresso, e o governador Eduardo Campos prosseguiu com as reuniões em Recife para avaliar as declarações do ex-deputado Ciro Gomes (CE). A bolsa de especulações explodiu a dois dias da convenção nacional do PMDB, marcada para sábado, em Brasília.
Os petistas escolheram a capital cearense para a segunda rodada de seminários do partido — o tema de ontem foram as políticas de bem-estar social, direitos humanos e inclusão social — justamente para fincar uma bandeira na área de influência do PSB de Eduardo Campos. E contaram com a ajuda dos irmãos Ciro e Cid Gomes (governador do Ceará), que reafirmaram o apoio à reeleição de Dilma no ano que vem. Ciro disse, no domingo, que Eduardo “não tem estrada ou visão de país” para ser candidato a presidente. Cid, por sua vez, disse ontem à plateia petista em Fortaleza que, “ao longo dos 16 anos em que exerci cargos executivos, estive ao lado do PT e o PT esteve ao meu lado”.
Lula e o PT insuflam o discurso dos Gomes para tentar adiar ao máximo a decisão de Eduardo Campos de candidatar-se ao Planalto. Dilma recebeu Cid, na terça-feira. Lula visitará obras do governador em Redenção, no interior cearense, ao lado do governador. Na segunda-feira à noite, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), jantou com Campos. Na ocasião, reforçou a importância de o PSB permanecer na base aliada para reeleger Dilma.
O petista acha que o governador pernambucano pode ser um bom nome para 2018. Mas negou que tenha sido porta-voz de qualquer pedido do ex-presidente Lula para que o socialista seja vice de Dilma no lugar do peemedebista Michel Temer. “Apesar do rompimento entre o PT e o PMDB na Bahia, eu apoio a chapa Dilma-Temer”, reforçou ele.
Ontem, em uma conversa que durou aproximadamente 10 minutos, Wagner confirmou a Temer que sua função tem sido a de colocar panos quentes na relação entre o Palácio do Planalto e o governador pernambucano.
Campos assegurou a Wagner “que ainda não tomou nenhuma decisão em relação à candidatura presidencial”. Mas, no jogo de luz e sombra em que se transformou esse debate, Eduardo Campos convocou para a capital pernambucana toda a cúpula do PSB. Ele não gostou nada das palavras de Ciro. Embora, dentro do partido, os irmãos Gomes sejam considerados vozes isoladas — até mesmo setores do PSB cearense sentem-se incomodados com os arroubos verbais do ex-ministro Ciro Gomes —, o governador de Pernambuco não escondeu a irritação com a situação. Os aliados acham que Ciro foi “extremamente desrespeitoso nas palavras ditas sobre Eduardo”.
Em Brasília, Dilma deu ontem a segunda das três demonstrações de boa vontade com o PMDB nesta semana. Na noite de quarta-feira, foi a convidada especial do jantar que o vice-presidente Michel Temer promoveu em homenagem ao ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Não discursou, mas sua presença foi vista como um sinal de apreço a Sarney e os correligionários dele.
Ontem, recebeu, ciceroneada por Temer, os líderes do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Este último é visto com cautela pelo Planalto, mas o primeiro contato foi ameno. Mais uma vez, Dilma não mencionou a parceria no ano que vem. Terá mais uma chance na convenção nacional peemedebista, marcada para sábado. Nada que altere o ânimo do PMDB. “Ela foi nos três eventos, um gesto de apreço. Meu pai dizia que palavras podem mentir, movimentos não”, filosofou Eunício.
Fonte: Correio Braziliense
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