“Como de hábito, o ex-presidente Lula diz as coisas e desobriga-se de explicar o sentido preciso da declaração.
É o caso dessa última sobre a advertência feita ao antecessor, Fernando Henrique Cardoso, de que deveria "no mínimo, ficar quieto". "No máximo", talvez se exilar outra vez.
Qual a razão mesmo de alguém, seja ex-presidente, senador, deputado, professor, médico, engenheiro ou carregador do cais do porto, ter a obrigação de "no mínimo" cassar o próprio direito de falar?
Uma delas é o desejo de calar a crítica, notadamente quando ela vai ao ponto, na carência de argumento de debate à altura.
A outra é a vocação de falar pelos cotovelos sem pensar, sem prestar atenção à coerência e ao bom senso, sem observar o respeito ao espaço alheio, almejando a unanimidade a respeito da qual Nelson Rodrigues disse há décadas o que deveria ser dito.”
Dora Kramer é jornalista. Na pressão, O Estado de S. Paulo, 28/2/2013
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