Os números divulgados pelo Ministério do Trabalho e pelo IBGE, que atestam uma queda expressiva na criação de empregos formais, convocam a presidente Dilma Rousseff e os especialistas do governo a descerem imediatamente do palanque e firmarem os pés na dura realidade que se avizinha.
Ao contrário do que alardeiam os defensores incondicionais do petismo, o Brasil pode mergulhar em uma profunda crise se a economia não reagir rapidamente.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em janeiro deste ano foram criados apenas 28,9 mil novos postos de trabalho com carteira assinada, o que significa uma queda avassaladora de 84% em relação ao mesmo mês de 2012.
Trata-se do pior resultado desde 2009, quando vivíamos o auge da crise econômica global. Só o setor do comércio dispensou 67,5 mil funcionários mais do que contratou, o pior índice para janeiro das últimas duas décadas.
A taxa oficial de desemprego anunciada pelo IBGE subiu de 4,6% em dezembro para 5,4% em janeiro.
Ao invés de fazer uma necessária autocrítica sobre a falta de rumo da atual política econômica, representantes do governo do PT se apressaram a comemorar o menor nível de desocupação desde 2002. Nada mais ilusório.
Segundo cálculos da Tendências Consultoria Integrada, descontados os ajustes sazonais, a taxa real ficou estável em relação a dezembro, em 5,6%, dando um sinal claro de que o mercado de trabalho tem perdido fôlego.
Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, o desemprego alcançou 6,4% em janeiro de 2013, quase um ponto percentual acima do índice registrado um ano antes (5,5%).
Para se ter uma ideia do impacto desses números em nossa economia, basta lembrar que essa região representa 42% da força de trabalho ocupada nas áreas pesquisadas pelo IBGE e 50% do total de desocupados.
Outro dado relevante menosprezado pelo governo é que pesquisas recentes da Fundação Seade e do Dieese, que se aproximam mais da realidade brasileira por somarem a taxa oficial de desemprego ao índice de pessoas que mantêm atividades informais enquanto procuram trabalho com carteira assinada, já haviam mostrado que a desocupação em 2012 passara de 10% nas regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza e Distrito Federal.
Por mais que Dilma e seus desnorteados ministros insistam em edulcorar as enormes dificuldades enfrentadas pelo Brasil na economia em geral e na questão do emprego em especial, os dados são cristalinos e infelizmente já eram esperados por quem jamais se deixou cair no engodo do discurso oficial.
O desempenho medíocre do PIB não é apenas um número que indica o baixo crescimento ou a estagnação de nossa economia, mas acabaria provocando, como já estamos vendo acontecer, o aumento do desemprego no país.
O Brasil fantasioso criado pela propaganda lulopetista não é capaz, assim como nenhum outro país seria, de proporcionar a façanha do pleno emprego sem que sua economia cresça.
Mais cedo ou mais tarde, essa ilusão seria desmentida pela realidade dos fatos. O que nos deixa em situação especialmente dramática é a constatação de que o atual governo é incompetente para destravar os nós que ele mesmo criou.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Fonte: Brasil Econômico
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