Eduardo mantém reuniões com governadores e dirigentes do partido para definir os próximos movimentos na crise com os petistas
Débora Duque
Divulgada a possibilidade de o PSB anunciar a saída da base do governo federal e selar o racha com o PT, o dia, ontem, foi de reclusão para os socialistas. Sem agenda pública, o governador Eduardo Campos (PSB) dedicou seu expediente a reuniões, a portas fechadas, com lideranças nacionais do partido em seu gabinete. Ele deu início a um processo de consulta interna que visa definir a estratégia a ser adotada diante do que considera ser uma ofensiva do PT para minar seu projeto presidencial.
Desde a noite de quarta-feira (27) até ontem, o governador recebeu o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, o líder da bancada socialista na Câmara Federal, Beto Albuquerque, além do secretário-geral da legenda, Carlos Siqueira. Também foram convocados os governadores Wilson Martins, do Piauí, e Renato Casagrande, do Espírito Santo. Este último chegou ao Recife na noite de ontem.
Oficialmente, a assessoria de imprensa do governo do Estado divulgou apenas os encontros com Wilson Martins e Beto Albuquerque, alegando que o objetivo teria sido discutir apenas a "agenda federativa" que os gestores estaduais irão apresentar ao presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), na próxima semana. A finalidade do "chamado emergencial", porém, foi mais ampla: discutir como o PSB reagirá ao cerco montado pelo PT que, sob o comando do ex-presidente Lula, busca desfazer o "jogo duplo" do governador e pressioná-lo a declarar de uma vez o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) ou ao lançamento de sua candidatura presidencial. O estopim para crise foram as recentes provocações dos irmãos Ciro e Cid Gomes, ambos desafetos de Eduardo dentro do PSB, além da visita que Lula fez, ontem, a Fortaleza numa tentativa de prestigiar os irmãos. Dilma também agendou uma viagem ao Ceará para o dia 11 e ainda não marcou a data de sua vinda a Pernambuco. Some-se isso as articulações do PT nacional para atrair o ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB) para o partido.
Diante do conflito aberto, há duas correntes dentro do PSB. Uma ala defende que a legenda acelere o processo de rompimento com o governo federal e assuma a candidatura de Eduado, em 2014. Outro grupo, no entanto, aposta na cautela e sustenta que despedir-se, desde já, da base do governo seria fazer o "jogo" proposto pelo PT, que teriam os irmãos Gomes como "porta-vozes".
Dono de um perfil reconhecidamente calculista, segundo aliados, Eduardo está inclinado a aplicar esse segundo artifício até para não prejudicar, antecipadamente, as alianças nos Estados. O que é dado como certo, nos bastidores, é o prazo máximo para a quebra da unidade com o PT: julho deste ano.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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