Governador alega que isso o deixaria vulnerável a ataques, mas cúpula do partido avalia que ele não pode recuar
Criticado por Ciro Gomes, Campos quer se reunir com outros governadores do PSB para preparar reação
Natuza Nery, Luiza Bandeira e Bruno Bastos
BRASÍLIA, SÃO PAULO, RECIFE - Dirigentes do PSB sugeriram ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que antecipe o lançamento de sua candidatura presidencial para responder às pressões que sofre desde que o PT lançou a presidente Dilma Rousseff como candidata à reeleição, há uma semana.
Em conversas com seus aliados, Campos tem argumentado que antecipar o lançamento de sua candidatura agora seria imprudente, porque aumentaria sua exposição a ataques de adversários quase dois anos antes da eleição presidencial.
Mas dirigentes do partido disseram ao governador pernambucano, que ele deveria anunciar logo sua entrada na corrida presidencial, em vez de esperar até o ano que vem como ele prefere.
"Parece que eu lancei minha candidatura, tenho dez minutos de televisão, 102 pontos nas pesquisas e só cuido disso. É bom ter calma, ver as coisas como elas são e não como querem que seja", disse o governador à Folha.
Para os dirigentes do PSB, o movimento seria necessário para dar uma resposta ao lançamento da campanha à reeleição de Dilma, feito pelo ex-presidente Lula, em São Paulo, na comemoração dos dez anos do PT no Palácio do Planalto.
Os que querem que Campos lance sua candidatura avaliam que um movimento mais explícito mostraria que o PSB não está disposto a recuar se Dilma e Lula insistirem na antecipação do embate eleitoral.
A esses, o pernambucano tem apresentado razões práticas para manter-se afastado da disputa. Ele tem dito que, enquanto não se declarar candidato, será poupado pelo PT de ataques diretos, embora tenha identificado nas críticas feitas pelo ex-governador Ciro Gomes (PSB-CE) ao seu nome vestígios das digitais de petistas.
A posição dos irmãos Gomes na disputa política com o PT tem irritado Eduardo Campos. Ciro o criticou publicamente e Cid Gomes (PSB), atual governador do Ceará, sempre que questionado, reitera seu apoio à reeleição de Dilma. Campos vê nos atos dos dois uma tentativa de enfraquecê-lo.
Ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Ceará se reuniram em Fortaleza (CE). Hoje, eles viajarão pelo Estado. Campos reagiu à aproximação e convocou governadores da sigla para reuniões no Recife.
Fonte: Folha de S. Paulo
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